Parágrafos de introdução
"Os jovens estão tendo relações sexuais muito cedo, e as vezes isso acaba em tragédia. Muitos têm a sorte de serem bem informados sobre esse assunto, mais alguns não. O adolescentes de classe mais baixa não adquirem as informações que os de classe superior apreendem na escola. A conversa com a família também é muito importante, pois melhor do que ninguém, eles sabem oque é bom para você."
"A sexualidade precoce é um problema que vem sendo cada vez mais preocupante e comum. As gerações, à medida que os anos passam, vêm antecipando mais e mais o abandono das bonecas e carrinhos e se interessando por esse tema - sexualidade. Vemos crianças de 3ª, 4ª série já "perdendo o b.v.", visitando sites impróprios na internet, programas impróprios na televisão e repetindo atos e palavras absurdos para a idade. Essas crianças perdem a infância, se envolvendo com problemas que vão além de sua maturidade, e isso, trás danos, tanto ao físico quanto ao psicológico. E também, às gerações seguintes."
Parágrafos de desenvolvimento
"A falta de diálogos entre os casais é uma das causas onde a garota acaba engravidando. Tem casos de garotas que a primeira vez que fica com um garoto acaba engravidando. A garota sente vergonha ou medo da reação do garoto se ela pedir para ele se previnir... E tem também aquele caso onde o casal não gostam de usar preservativo, e vão na sorte, como por exemplo no filme"Meninas" onde os casais não usam preservativo para evitar uma gravidez nem alguma doença sexualmente transmitível."
"O bebê que pode vir a nascer, se nascer, não havendo complicação durante e pós parto, pondo em risco inclusive a vida da gestante. O bebê pode vir a ser mal formado, apresentando graves ou leves deficiência podendo causar sua morte pela falta de medicamentos que pode vir a tona e não atentando que o fato de uma menina ter uma criança pode arruinar a vida dos parentes ou responsáveis que optaram por ajudar a nova mãe."
"Quando se é adolescente, na maioria das vezes não se esta pronto para formar uma família, tanto por más condições financeiras (pois não se tem trabalho), moradia e nem condições psicológicas para isso."
"Tudo começa no baile funk, as vezes da pra encontrar crianças de 13, 14 anos é lá muitas vezes onde ela conhece seu parceiro, e muita das vezes eles acabem tendo uma relação, e sem o uso do preservativo as garotas acabam ficando gravidas."
Parágrafos de conclusão
"Por essas varias causas dialógue mais com seus pais, sobre pessoas que sabem sobre o assunto, se previna e não se deixe levar eplo prazer."
"Se haverem pessoas que passem nesses bairros pobres, ensinando todos os problemas que podem aconter com a gravidez, talvez esse problema acabe ou menos diminua."
"Portanto para se mãe deve-se ter estutura emocional e financeira, pois ter um filho exige diversos cuidados e a partir do momento que você gera uma criança, você passa a ver a vida de outro jeito!"
"Portanto, a gravidez na adolescência, pode ser evitada, por um amor próprio maior, cuidar melhor de si mesmo, ter mais informações sobre o assunto, andar sempre previnido com preservativo, e uma supervisão maior dos pais."
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009
domingo, 15 de fevereiro de 2009
LEITURAS OBRIGATÓRIAS
1. Carta ao editor
Gravidez de adolescência: uma questão social
A gravidez na adolescência, fato amplamente discutido atualmente nos meios acadêmicos, mídia e órgãos governamentais, longe de representar um acontecimento novo, esteve sempre presente na história da humanidade. Nas civilizações antigas, tão logo aparecessem os primeiros sinais de puberdade, a jovem era considerada apta para o casamento. Presença comum no passado de cada um de nós é facilmente reconhecida em nossas memórias e nos álbuns de família, onde aparecem nossas mães, avós ou bisavós, ainda em tenra idade, cercadas de numerosa prole.
A capacidade reprodutiva, àquela época, estava associada ao frescor da juventude e quanto maior a prole, maior o "mérito da matrona". Nada questionava-se quanto a capacidade psicobiológica daquelas imaturas jovens em parir, cuidar e educar seus filhos.
A igreja católica, detentora de grande poder sobre as questões da sexualidade e reprodução, propagava o " crescei e multiplicai". Exercendo forte repressão sexual e radicalmente contrária ao uso de qualquer tipo de método contraceptivo, contribuía para os 12, 15 ou 20 filhos presentes na maioria das famílias. Somando-se aos fatores culturais e religiosos, havia os interesses políticos e econômicos vigentes.
O Estado dependia do rápido crescimento da mão de obra para concretizar sua expansão e impulsionar as grandes transformações da época, o que tornou o crescimento populacional desejado e incentivado. A quem se destinariam então os serviços de pré-natal e planejamento familiar?
Neste contexto, as mulheres, longe de qualquer expressão social ou política viviam submissas ao marido e senhor e detentoras da "sagrada missão da maternidade" tinham como único legado: casar, procriar e zelar pelos filhos, cabendo ao homem, chefiar e prover adequadamente a família.
Na década de 60, com o movimento de contracultura, os jovens começaram a questionar as políticas sociais vigentes e, além disto, reivindicaram o direito ao livre exercício da sexualidade. Contrariando os rígidos padrões morais, a gravidez passou a ocorrer fora dos laços matrimoniais.
O crescimento populacional tornara-se preocupante e, a então, explosão demográfica somada ao processo maciço de industrialização tornou o trabalho humano "dispensável". O excedente de mão de obra, o desemprego e o futuro dos jovens passaram a ser preocupações para o Estado.
Os acontecimentos sócio-político-econômicos e as transformações ocorridas no âmbito da moral e dos costumes levaram, invariavelmente, o Estado e a sociedade a um novo posicionamento em relação aos padrões sexuais adotados pelos jovens "modernos".
Neste momento, o controle da natalidade tornara-se uma alternativa para conter este processo e os métodos contraceptivos passaram a ser mais divulgados.
Nos idos de 60, surgiram as pílulas anticoncepcionais e criaram-se os primeiros serviços de pré-natal voltados às jovens gestantes. A implantação efetiva dos programas de planejamento familiar permitiu às mulheres e ao Estado o controle sobre a prole.
Nos países em desenvolvimento, fazia-se necessário, mais do que o planejamento familiar, o controle definitivo sobre o número de filhos. Realizou-se, então, nas décadas de 80 e 90, a esterilização de grande número de mulheres jovens em idade fértil, tornando-a hoje, o segundo método contraceptivo mais utilizado pelas jovens brasileiras em união (8%), precedido apenas pelas pílulas anticoncepcionais (PNDS-96).
As progressivas transformações no âmbito da sexualidade dos jovens continuaram ocorrendo, e hoje, a iniciação sexual, ocorrendo cada vez mais precocemente, torna-os alvo de reocupações. A sexualidade, presente em todas as etapas do desenvolvimento humano, aflora com toda sua força na adolescência sobre influência dos hormônios sexuais. Responsáveis pelo aparecimento dos caracteres sexuais secundários conduzem a um novo "olhar" para o sexo oposto, antes indiferente.
Donos de um corpo em crescente transformação e regidos por uma mente ávida de novas experiências, trilham pelos caminhos da curiosidade e do desejo, ainda incontrolável. Alguns com pouco ou nenhum conhecimento da fisiologia do corpo, agora reprodutivo, outros, carregados de conhecimentos científicos e das "sábias" orientações paternas, seguem indistintamente pelos mesmos caminhos. Apoiados no pensamento mágico "isso não acontecerá comigo" e levados pelo calor do momento lançam-se nas mais diversas experiências, entre elas a do sexo desprotegido.
Independente do meio social em que estejam inseridos e do conhecimento prévio dos métodos contraceptivos, expõem-se, frequentemente, ao risco da gestação não planejada.
No Brasil, 50% das jovens e 78% dos jovens têm a sua primeira experiência sexual até os 24 anos de idade, com idade mediana da sexarca de 16,4 anos para as garotas e 15,3 anos para os rapazes (1996). Apenas 33% dos jovens relatam uso de contracepção na primeira relação sexual e em 1998, 25% dos partos realizados no Sistema Único da Saúde (SUS), foram de adolescentes.
Considerando que aproximadamente 40% das adolescentes engravidam até 3 anos da primeira gestação, a questão torna-se ainda mais preocupante.
No mundo moderno, escolaridade e capacitação profissional são fundamentais para inserção do jovem no mercado de trabalho, hoje tão escasso e competitivo. O mesmo ocorrendo para as jovens que já não veêm no casamento e na maternidade ideais de vida.
A ocorrência e a reincidência da gestação não programada, em pleno processo de capacitação e formação profissional, conduzirá invariavelmente os jovens, por necessidade de prover a nova família, à deserção escolar e sub-emprego, mantendo assim o ciclo da pobreza.
Num país pobre, eminentemente jovem como o Brasil ( 21% da população formada por adolescentes), a gestação na adolescência representa um grande desafio. Dos problemas envolvidos com a gravidez precoce, o biológico parece-nos o menor e mais contornável. Uma assistência pré-natal especializada, precoce e preferencialmente multidisciplinar, é capaz de minimizar o impacto biopsíquico da gestação para estas jovens. O principal impacto, porém, ainda é o social.
Ivana Fernandes Souza Ginecologista e Obstetra - Hebiatra Belo Horizonte Minas Gerais Membro da Diretoria de Publicações da ASBRA. 2000-2001 Membro da Diretoria da Associação Mineira de Adolescência - AMA - 2000-2001
Bibliografia
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2. Coates V, Correa M.M. Implicações sociais do papel do pai. In: Maakaroun MF, Souza RP, Cruz AR. Tratado de Adolescência - Um Estudo Multidisciplinar. Rio de Janeiro: Editora de Cultura Médica,1991: 407-13.
3. Costa CFF. Gravidez na adolescência. In: Magalhães FSC e Andrade HSSM. GinecologiaInfanto Juvenil, Rio de Janeiro: Editora Medsi, 1998: 501-05.
4. Galvão L , Díaz J. Saúde Sexual e Reprodutiva no Brasil. Editora Hucitec – Population Concil, 1999, 389p.
5. Grossman E. Adolescência através dos tempos. Adolesc Latinoam 1998; 1(2): 68-73.
6. Jovens Acontecendo na Trilha das Políticas Públicas (2 vols) CNPD, Brasília, 1998.
7. Krauskopf D. Thames, P.L.A. Embarazo en la adolescência e Aspectos antropológicosdel embarazo de adolescentes. Comision Nacional de Atencion Integral al AdolescenteOrganizacion Panamericana de la Salud / OPS. Costa Rica,1996.
8. Maia Filho NL, NederVM, Maioral VFS, Pereira RT, Mathias L. Gravidez na adolescência três décadas de um problema social crescente. Revista GO Atual,1998 (7): 28 a 32.
9. Monteiro DLM. Cunha A A, Bastos A C. Gravidez na Adolescência. São Paulo, Revinter, 1998, 190p.
10. Schor N, Mota MSFT, Branco VC (orgs.) Cadernos Juventude Saúde e Desenvolvimento. Ministério da Saúde - Secretaria de Políticas de Saúde, Brasília, 1999. 11. Vieira EM, Fernandes MEL, Bailey P, Mackay A .Seminário Gravidez na Adolescência. Brasília, 1998.
11. Vieira EM, Fernandes MEL, Bailey P, Mackay A .Seminário Gravidez na Adolescência. Brasília, 1998.
http://ral-adolec.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-71302002000200002&lng=en&nrm=iso
2. Sobre a gravidez na adolescência
About adolescence pregnancy
Stella R. Taquette
Doutora em Medicina pela Universidade de São Paulo (USP/Ribeirão Preto); assessora especial da Secretaria Especial de Políticas Públicas para as Mulheres.
RESUMO
Este artigo tem por objetivo enriquecer o debate em torno do “fenômeno” da gravidez na adolescência, revelando a visão da autora, advinda de sua experiência no atendimento de crianças e adolescentes, de leituras de bibliografia sobre o tema, tanto científica como leiga, assim como de estudos empíricos.
UNITERMOS
Adolescência; gravidez; sexualidade; gênero
ABSTRACT
This article intends to enrich the discussion about the “phenomenon” of adolescence pregnancy. It discloses the author’s opinion, based on her experience with children and adolescent care, the literature – scientific or not – and also empirical studies.
KEY WORDS
Adolescence; pregnancy; sexuality; gender
INTRODUÇÃO
A temática “gravidez na adolescência” está em pauta há vários anos no meio acadêmico e na sociedade como um todo. A gestação nessa faixa etária é considerada precoce, indesejada, não-planejada e, consequentemente, um problema a ser solucionado. Vários estudos têm sido desenvolvidos, por pesquisadores de diversos campos, no intuito de compreender esse fenômeno complexo, cujas variáveis envolvidas são muitas e que para ser entendido precisa ser contextualizado e abordado dialeticamente. Apesar disso, o senso comum reflete uma realidade parcial e reducionista, que colabora para manter a questão como problema exclusivo da adolescente que engravida. Ficam fora dessa análise o parceiro e o contexto social, cuja influência na sexualidade das pessoas não pode ser negada e muito menos desprezada ou ignorada.
Algumas afirmações do senso comum referentes a esse tema são dignas de destaque:
• adolescentes estão “transando” devido ao excesso de mensagens sexuais na mídia;
• adolescentes são imediatistas, imaturas, irresponsáveis e têm desejos intensos;
• adolescentes são promíscuas;
• adolescentes ficam grávidas por falta de informação contraceptiva e porque não sabem usar contraceptivos;
• os pais são muito permissivos com as filhas adolescentes e não conversam com elas;
• o controle da natalidade pode reduzir a fecundidade das adolescentes das classes menos favorecidas e com isso reduzir a pobreza e a violência nas grandes metrópoles brasileiras.
Observamos essas opiniões não só na população geral, mas também dentro da própria área da saúde, entre aqueles profissionais que não lidam diretamente com adolescentes.
PESQUISAS E REFLEXÕES SOBRE GESTAÇÃO NA ADOLESCÊNCIA
Pesquisas e reflexões revelam que atualmente a gravidez na adolescência é vista por alguns quase como uma doença a ser prevenida. Entretanto, quando consideramos o passado, vemos que nossas avos e bisavós foram mães adolescentes e isso era encarado de forma natural. A faixa etária adolescente foi, por muito tempo, considerada a ideal para a mulher ter filhos. Hoje já não se pensa assim, pois se considera que a gravidez provoca a interrupção de um processo de crescimento e amadurecimento e resulta em perdas de oportunidades. É uma idade propícia à escolarização, ao inicio da vida profissional e ao exercício da sexualidade desvinculado da reprodução. Da mesma forma, fala-se numa erotização precoce das crianças, devido à abundância de mensagens sexuais na mídia e à maior liberdade sexual. No entanto, nos séculos passados, era comum as crianças brincarem com os próprios genitais sem que isso configurasse prática erótica(1).
A gravidez na adolescência, aos olhos do senso comum e da mídia, apresenta-se como um problema muito mais sério do que, por exemplo, as doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), essas, sim, que deveriam ser prevenidas. Não raro pais e mães levam suas filhas adolescentes ao médico para que este lhes receite pílulas anticoncepcionais. Por outro lado, não vemos a mesma preocupação com os rapazes e nem com a prevenção de DSTs.
Algumas indagações perante situações observadas ficam sem resposta em razão da dificuldade em respondê-las. A gravidez em adolescentes é vista como de risco médico, psicológico e social. O discurso da medicina aponta que a gestante adolescente apresenta maior incidência de doença hipertensiva da gravidez, de parto prematuro e de bebês com baixo peso ao nascer (1, 5, 10, 14). Do ponto de vista psicológico, mães adolescentes são rotuladas de imaturas e portanto sem capacidade de cuidar apropriadamente de seus filhos, aumentando o risco de acidentes e de infecções (13). Socialmente, a gravidez na adolescência resultaria numa perda de oportunidades e perspectivas de ascensão social devido ao abandono escolar e ao aumento das famílias monoparentais, o que agravaria a pobreza e levaria a uma maior probabilidade de comportamentos anti-sociais e consequente envolvimento com crimes(12).
Estudos revelam que a gravidez na adolescência frequentemente está associada a graves problemas psicossociais, como alcoolismo, famílias desestruturadas, baixo nível socioeconômico, carências de ordem afetiva, principalmente da figura paterna (8, 18). A ausência do pai e antecedentes como história familiar de gravidez, baixa renda e repetência ou abandono escolar também foram evidenciados por Persona et al. (16), em pesquisa sobre repetição da gravidez na adolescência.
Outros estudos corroboram esses achados e destacam, porém, que a gravidez não necessariamente representa ruptura ou abandono de projetos de vida. As adolescentes mães se sentem mais valorizadas pela sociedade, adquirem outro status, que lhes permite maior mobilidade social e realização de projetos (15). Por outro lado, ao ouvir adolescentes que engravidaram, observamos situações diversas de envolvimento afetivo. Às vezes a gravidez é inesperada, mas desejada inconscientemente; em outras é até programada. Em geral, a gravidez é decorrência de um envolvimento afetivo e sentida como acontecimento positivo, que coloca em evidência a sexualidade juvenil e oferece maior autonomia às adolescentes (11).
SEXUALIDADE HUMANA E A ENTRADA NA VIDA ADULTA
A sexualidade humana nunca foi vivenciada de forma livre. Em todas as épocas da humanidade sofreu e sofre algum tipo de interdição, que é variável conforme o momento histórico e social. Segundo a visão da antropologia social, a primeira interdição à sexualidade, o tabu do incesto, é fundamento da cultura humana. Antes de se organizar em sociedade o homem vivia, como os macacos superiores, em hordas de várias fêmeas chefiadas por um macho que ordenava a morte de todos os machos que nascessem. A partir da sobrevivência de alguns, surgiram novas hordas em que eram proibidas as relações sexuais entre parentes, no intuito de proliferar a espécie. Em outras épocas, diferentes proibições surgiram por diversos motivos: econômicos, religiosos etc. (9).
Na sociedade contemporânea, vivemos uma época de maior liberdade sexual desde o advento dos contraceptivos hormonais orais, que proporcionaram a desvinculação quase total entre sexualidade e reprodução. Hoje, na maioria das camadas sociais, é aceita a atividade sexual antes do casamento, e a mulher conquistou maior independência para desfrutar do prazer do sexo, anteriormente prerrogativa apenas do homem. Alem disso, houve intensificação das mensagens sexuais veiculadas pela mídia, o que certamente proporcionou alguma influência no exercício sexual das pessoas.
Entretanto, apesar da maior liberdade e do estímulo a atividade sexual, vemos uma diversidade de experiências entre os jovens. Nessa etapa da vida, os indivíduos são muito influenciados pelo meio externo à família, pois se encontram num necessário momento de afastamento dos seus pais. Esses, apesar de perceberem o que acontece com a vida sexual dos filhos, não conseguem orientá-los efetivamente, pois não se consideram aptos para falar de sexualidade ou de métodos contraceptivos (6).
Na adolescência, há um natural abandono dos ideais infantis, uma busca de novos ideais no meio social e uma separação progressiva dos pais. Ocorrem escolhas de novos laços sociais e afetivos. Nesse momento, o grupo de iguais exerce enorme influência, impondo normas e regras sob forma de modelos, comportamentos, costumes, leis e práticas diversas.
Os jovens, portanto, são muito suscetíveis às influências do grupo de iguais. Dependendo do ambiente social em que vivem, suas atitudes perante o sexo diferem. Há grupos com regras bem divergentes dos demais. Por exemplo, aqueles associados à religião cristã são orientados a se manterem castos até o casamento. Outros são implicados em grupos que refletem a cultura funk, que estimula, por meio da música, um exercício sexual precoce altamente associado ao prazer. Novos grupos surgem a cada momento. Não podemos esquecer da forte influencia das questões de gênero na sexualidade. Esse sistema impõe regras que são incorporadas como naturais, mas que na verdade são socialmente construídas. Os homens são estimulados a iniciar a atividade sexual precocemente e a exercitá-la sempre. Já as mulheres devem-se guardar e são desvalorizadas quando assumem um comportamento semelhante aquele que é esperado do homem. Nessa visão de construção social do comportamento sexual, é bom destacarmos também a intolerância às expressões homossexuais. Um movimento interessante é assumido pelo grupo de emotional hardcores (EMOs), que vivem o sexo com liberdade e afeto e aceitam os relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo, diferindo, portanto, dos demais indivíduos de mesma faixa etária.
Em pesquisa qualitativa realizada por meio de reuniões em grupos focais e entrevistas individuais semi-estruturadas, foram discutidos temas relacionados com a sexualidade, ficando patente que a moral social, a família, o grupo de iguais e o nível socioeconômico exercem enorme influência no comportamento sexual dos jovens. Os resultados indicaram que as adolescentes que têm um investimento afetivo familiar se apropriam mais de sua sexualidade, agem com maior proteção e não se submetem meramente à satisfação dos desejos de outrem, pois se tornam mais sujeitos de sua própria sexualidade (17).
Estudos revelam que hoje o desejo sexual é vivenciado de forma mais livre, e o sexo por prazer vem substituindo o mito do amor romântico (7). A idade média do primeiro intercurso sexual é mais baixa, por volta de 15 e 14 anos, para meninas e meninos, respectivamente(12). E, apesar da imagem social de promiscuidade da adolescência, pesquisa nacional verificou que cerca de 70% dos jovens sexualmente ativos de todas as faixas etárias referem somente a um parceiro sexual(4). Verifica-se que as práticas sexuais são diversas, assim como o perfil reprodutivo dos jovens (3).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Podemos constatar que as opiniões variadas e simplificadas sobre a gravidez na faixa etária da adolescência não conseguem explicar, muito menos comprovar, uma relação de causalidade. Esse fenômeno é complexo, carregado de subjetividade e de influências sociais.
A gravidez na adolescência está associada à baixa escolaridade e ao baixo nível socioeconômico. A solução que se apresenta nas políticas públicas de saúde e educação é a do planejamento familiar, com forte ênfase nos métodos contraceptivos. E como se disséssemos: adolescentes pobres e com pouca escolaridade não devem ter filhos. Não seria mais justo resolver o problema da gravidez na adolescência investindo em melhores condições de vida (aumentar a escolaridade e as oportunidades de ascensão social e melhorar a renda) para que as pessoas tenham o direito e a possibilidade de escolher em que momento ter ou não filhos?
Para finalizar, vale transcrever a fala de uma adolescente que representa de forma contundente os questionamentos aqui apresentados. Ela exemplifica, singularmente, como as adolescentes brasileiras, desprovidas de afeto e cidadania, reduzem seus sonhos de realização, como pessoa e como mulher, ao casamento e a maternidade:
“...um dia eu quis ser alguém na vida, assim, ser advogada, médica, dentista. Mas hoje eu acho que eu já desiludi. Eu não quero ser mais nada. Quero apenas ser dona de casa. Casar e ser dona de casa” (Liliane, 15 anos).
REFERÊNCIAS
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4. Castro MG, Abramovay M, Silva LB. Juventudes e sexualidade. Brasília: UNESCO. 2004.
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6. Dias ACG, Gomes WB. Conversas sobre sexualidade na família e gravidez na adolescência: a percepção dos pais. Est Psicol. 1999; 4(1): 79-106.
7. Dias ACG, Gomes WB. Conversas, em família, sobre sexualidade e gravidez na adolescência: percepção das jovens gestantes. Psicol Reflex Crit. 2000; 13(1): 109-25.
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16. Persona L, Shimo AKK, Tarallo MC. Perfil de adolescentes com repetição da gravidez atendidas num ambulatório de pré-natal. Rev Lat Am Enf. 2004; 12(5): 745-50.
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18. Taquette SR. Sexo e gravidez na adolescência: estudo de antecedentes biopsicossociais. J Pediatr. 1992; 68(3/4): 135-9.
19. Taquette SR, Vilhena MM, Paula MC. Doenças sexualmente transmissíveis e gênero: um estudo transversal entre adolescentes no Rio de Janeiro. Cad Saúde Publica. 2004; 20(1): 282-90.
http://www.fqm.com.br/Site/br/docs/as022008.pdf
Gravidez de adolescência: uma questão social
A gravidez na adolescência, fato amplamente discutido atualmente nos meios acadêmicos, mídia e órgãos governamentais, longe de representar um acontecimento novo, esteve sempre presente na história da humanidade. Nas civilizações antigas, tão logo aparecessem os primeiros sinais de puberdade, a jovem era considerada apta para o casamento. Presença comum no passado de cada um de nós é facilmente reconhecida em nossas memórias e nos álbuns de família, onde aparecem nossas mães, avós ou bisavós, ainda em tenra idade, cercadas de numerosa prole.
A capacidade reprodutiva, àquela época, estava associada ao frescor da juventude e quanto maior a prole, maior o "mérito da matrona". Nada questionava-se quanto a capacidade psicobiológica daquelas imaturas jovens em parir, cuidar e educar seus filhos.
A igreja católica, detentora de grande poder sobre as questões da sexualidade e reprodução, propagava o " crescei e multiplicai". Exercendo forte repressão sexual e radicalmente contrária ao uso de qualquer tipo de método contraceptivo, contribuía para os 12, 15 ou 20 filhos presentes na maioria das famílias. Somando-se aos fatores culturais e religiosos, havia os interesses políticos e econômicos vigentes.
O Estado dependia do rápido crescimento da mão de obra para concretizar sua expansão e impulsionar as grandes transformações da época, o que tornou o crescimento populacional desejado e incentivado. A quem se destinariam então os serviços de pré-natal e planejamento familiar?
Neste contexto, as mulheres, longe de qualquer expressão social ou política viviam submissas ao marido e senhor e detentoras da "sagrada missão da maternidade" tinham como único legado: casar, procriar e zelar pelos filhos, cabendo ao homem, chefiar e prover adequadamente a família.
Na década de 60, com o movimento de contracultura, os jovens começaram a questionar as políticas sociais vigentes e, além disto, reivindicaram o direito ao livre exercício da sexualidade. Contrariando os rígidos padrões morais, a gravidez passou a ocorrer fora dos laços matrimoniais.
O crescimento populacional tornara-se preocupante e, a então, explosão demográfica somada ao processo maciço de industrialização tornou o trabalho humano "dispensável". O excedente de mão de obra, o desemprego e o futuro dos jovens passaram a ser preocupações para o Estado.
Os acontecimentos sócio-político-econômicos e as transformações ocorridas no âmbito da moral e dos costumes levaram, invariavelmente, o Estado e a sociedade a um novo posicionamento em relação aos padrões sexuais adotados pelos jovens "modernos".
Neste momento, o controle da natalidade tornara-se uma alternativa para conter este processo e os métodos contraceptivos passaram a ser mais divulgados.
Nos idos de 60, surgiram as pílulas anticoncepcionais e criaram-se os primeiros serviços de pré-natal voltados às jovens gestantes. A implantação efetiva dos programas de planejamento familiar permitiu às mulheres e ao Estado o controle sobre a prole.
Nos países em desenvolvimento, fazia-se necessário, mais do que o planejamento familiar, o controle definitivo sobre o número de filhos. Realizou-se, então, nas décadas de 80 e 90, a esterilização de grande número de mulheres jovens em idade fértil, tornando-a hoje, o segundo método contraceptivo mais utilizado pelas jovens brasileiras em união (8%), precedido apenas pelas pílulas anticoncepcionais (PNDS-96).
As progressivas transformações no âmbito da sexualidade dos jovens continuaram ocorrendo, e hoje, a iniciação sexual, ocorrendo cada vez mais precocemente, torna-os alvo de reocupações. A sexualidade, presente em todas as etapas do desenvolvimento humano, aflora com toda sua força na adolescência sobre influência dos hormônios sexuais. Responsáveis pelo aparecimento dos caracteres sexuais secundários conduzem a um novo "olhar" para o sexo oposto, antes indiferente.
Donos de um corpo em crescente transformação e regidos por uma mente ávida de novas experiências, trilham pelos caminhos da curiosidade e do desejo, ainda incontrolável. Alguns com pouco ou nenhum conhecimento da fisiologia do corpo, agora reprodutivo, outros, carregados de conhecimentos científicos e das "sábias" orientações paternas, seguem indistintamente pelos mesmos caminhos. Apoiados no pensamento mágico "isso não acontecerá comigo" e levados pelo calor do momento lançam-se nas mais diversas experiências, entre elas a do sexo desprotegido.
Independente do meio social em que estejam inseridos e do conhecimento prévio dos métodos contraceptivos, expõem-se, frequentemente, ao risco da gestação não planejada.
No Brasil, 50% das jovens e 78% dos jovens têm a sua primeira experiência sexual até os 24 anos de idade, com idade mediana da sexarca de 16,4 anos para as garotas e 15,3 anos para os rapazes (1996). Apenas 33% dos jovens relatam uso de contracepção na primeira relação sexual e em 1998, 25% dos partos realizados no Sistema Único da Saúde (SUS), foram de adolescentes.
Considerando que aproximadamente 40% das adolescentes engravidam até 3 anos da primeira gestação, a questão torna-se ainda mais preocupante.
No mundo moderno, escolaridade e capacitação profissional são fundamentais para inserção do jovem no mercado de trabalho, hoje tão escasso e competitivo. O mesmo ocorrendo para as jovens que já não veêm no casamento e na maternidade ideais de vida.
A ocorrência e a reincidência da gestação não programada, em pleno processo de capacitação e formação profissional, conduzirá invariavelmente os jovens, por necessidade de prover a nova família, à deserção escolar e sub-emprego, mantendo assim o ciclo da pobreza.
Num país pobre, eminentemente jovem como o Brasil ( 21% da população formada por adolescentes), a gestação na adolescência representa um grande desafio. Dos problemas envolvidos com a gravidez precoce, o biológico parece-nos o menor e mais contornável. Uma assistência pré-natal especializada, precoce e preferencialmente multidisciplinar, é capaz de minimizar o impacto biopsíquico da gestação para estas jovens. O principal impacto, porém, ainda é o social.
Ivana Fernandes Souza Ginecologista e Obstetra - Hebiatra Belo Horizonte Minas Gerais Membro da Diretoria de Publicações da ASBRA. 2000-2001 Membro da Diretoria da Associação Mineira de Adolescência - AMA - 2000-2001
Bibliografia
1. Simon C St, Kelly L, Singer D . Why pregnancy adolescents say they did not use contraceptives prior to conception. Journal of Adolescent Health,1996 19(1):48-53.
2. Coates V, Correa M.M. Implicações sociais do papel do pai. In: Maakaroun MF, Souza RP, Cruz AR. Tratado de Adolescência - Um Estudo Multidisciplinar. Rio de Janeiro: Editora de Cultura Médica,1991: 407-13.
3. Costa CFF. Gravidez na adolescência. In: Magalhães FSC e Andrade HSSM. GinecologiaInfanto Juvenil, Rio de Janeiro: Editora Medsi, 1998: 501-05.
4. Galvão L , Díaz J. Saúde Sexual e Reprodutiva no Brasil. Editora Hucitec – Population Concil, 1999, 389p.
5. Grossman E. Adolescência através dos tempos. Adolesc Latinoam 1998; 1(2): 68-73.
6. Jovens Acontecendo na Trilha das Políticas Públicas (2 vols) CNPD, Brasília, 1998.
7. Krauskopf D. Thames, P.L.A. Embarazo en la adolescência e Aspectos antropológicosdel embarazo de adolescentes. Comision Nacional de Atencion Integral al AdolescenteOrganizacion Panamericana de la Salud / OPS. Costa Rica,1996.
8. Maia Filho NL, NederVM, Maioral VFS, Pereira RT, Mathias L. Gravidez na adolescência três décadas de um problema social crescente. Revista GO Atual,1998 (7): 28 a 32.
9. Monteiro DLM. Cunha A A, Bastos A C. Gravidez na Adolescência. São Paulo, Revinter, 1998, 190p.
10. Schor N, Mota MSFT, Branco VC (orgs.) Cadernos Juventude Saúde e Desenvolvimento. Ministério da Saúde - Secretaria de Políticas de Saúde, Brasília, 1999. 11. Vieira EM, Fernandes MEL, Bailey P, Mackay A .Seminário Gravidez na Adolescência. Brasília, 1998.
11. Vieira EM, Fernandes MEL, Bailey P, Mackay A .Seminário Gravidez na Adolescência. Brasília, 1998.
http://ral-adolec.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-71302002000200002&lng=en&nrm=iso
2. Sobre a gravidez na adolescência
About adolescence pregnancy
Stella R. Taquette
Doutora em Medicina pela Universidade de São Paulo (USP/Ribeirão Preto); assessora especial da Secretaria Especial de Políticas Públicas para as Mulheres.
RESUMO
Este artigo tem por objetivo enriquecer o debate em torno do “fenômeno” da gravidez na adolescência, revelando a visão da autora, advinda de sua experiência no atendimento de crianças e adolescentes, de leituras de bibliografia sobre o tema, tanto científica como leiga, assim como de estudos empíricos.
UNITERMOS
Adolescência; gravidez; sexualidade; gênero
ABSTRACT
This article intends to enrich the discussion about the “phenomenon” of adolescence pregnancy. It discloses the author’s opinion, based on her experience with children and adolescent care, the literature – scientific or not – and also empirical studies.
KEY WORDS
Adolescence; pregnancy; sexuality; gender
INTRODUÇÃO
A temática “gravidez na adolescência” está em pauta há vários anos no meio acadêmico e na sociedade como um todo. A gestação nessa faixa etária é considerada precoce, indesejada, não-planejada e, consequentemente, um problema a ser solucionado. Vários estudos têm sido desenvolvidos, por pesquisadores de diversos campos, no intuito de compreender esse fenômeno complexo, cujas variáveis envolvidas são muitas e que para ser entendido precisa ser contextualizado e abordado dialeticamente. Apesar disso, o senso comum reflete uma realidade parcial e reducionista, que colabora para manter a questão como problema exclusivo da adolescente que engravida. Ficam fora dessa análise o parceiro e o contexto social, cuja influência na sexualidade das pessoas não pode ser negada e muito menos desprezada ou ignorada.
Algumas afirmações do senso comum referentes a esse tema são dignas de destaque:
• adolescentes estão “transando” devido ao excesso de mensagens sexuais na mídia;
• adolescentes são imediatistas, imaturas, irresponsáveis e têm desejos intensos;
• adolescentes são promíscuas;
• adolescentes ficam grávidas por falta de informação contraceptiva e porque não sabem usar contraceptivos;
• os pais são muito permissivos com as filhas adolescentes e não conversam com elas;
• o controle da natalidade pode reduzir a fecundidade das adolescentes das classes menos favorecidas e com isso reduzir a pobreza e a violência nas grandes metrópoles brasileiras.
Observamos essas opiniões não só na população geral, mas também dentro da própria área da saúde, entre aqueles profissionais que não lidam diretamente com adolescentes.
PESQUISAS E REFLEXÕES SOBRE GESTAÇÃO NA ADOLESCÊNCIA
Pesquisas e reflexões revelam que atualmente a gravidez na adolescência é vista por alguns quase como uma doença a ser prevenida. Entretanto, quando consideramos o passado, vemos que nossas avos e bisavós foram mães adolescentes e isso era encarado de forma natural. A faixa etária adolescente foi, por muito tempo, considerada a ideal para a mulher ter filhos. Hoje já não se pensa assim, pois se considera que a gravidez provoca a interrupção de um processo de crescimento e amadurecimento e resulta em perdas de oportunidades. É uma idade propícia à escolarização, ao inicio da vida profissional e ao exercício da sexualidade desvinculado da reprodução. Da mesma forma, fala-se numa erotização precoce das crianças, devido à abundância de mensagens sexuais na mídia e à maior liberdade sexual. No entanto, nos séculos passados, era comum as crianças brincarem com os próprios genitais sem que isso configurasse prática erótica(1).
A gravidez na adolescência, aos olhos do senso comum e da mídia, apresenta-se como um problema muito mais sério do que, por exemplo, as doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), essas, sim, que deveriam ser prevenidas. Não raro pais e mães levam suas filhas adolescentes ao médico para que este lhes receite pílulas anticoncepcionais. Por outro lado, não vemos a mesma preocupação com os rapazes e nem com a prevenção de DSTs.
Algumas indagações perante situações observadas ficam sem resposta em razão da dificuldade em respondê-las. A gravidez em adolescentes é vista como de risco médico, psicológico e social. O discurso da medicina aponta que a gestante adolescente apresenta maior incidência de doença hipertensiva da gravidez, de parto prematuro e de bebês com baixo peso ao nascer (1, 5, 10, 14). Do ponto de vista psicológico, mães adolescentes são rotuladas de imaturas e portanto sem capacidade de cuidar apropriadamente de seus filhos, aumentando o risco de acidentes e de infecções (13). Socialmente, a gravidez na adolescência resultaria numa perda de oportunidades e perspectivas de ascensão social devido ao abandono escolar e ao aumento das famílias monoparentais, o que agravaria a pobreza e levaria a uma maior probabilidade de comportamentos anti-sociais e consequente envolvimento com crimes(12).
Estudos revelam que a gravidez na adolescência frequentemente está associada a graves problemas psicossociais, como alcoolismo, famílias desestruturadas, baixo nível socioeconômico, carências de ordem afetiva, principalmente da figura paterna (8, 18). A ausência do pai e antecedentes como história familiar de gravidez, baixa renda e repetência ou abandono escolar também foram evidenciados por Persona et al. (16), em pesquisa sobre repetição da gravidez na adolescência.
Outros estudos corroboram esses achados e destacam, porém, que a gravidez não necessariamente representa ruptura ou abandono de projetos de vida. As adolescentes mães se sentem mais valorizadas pela sociedade, adquirem outro status, que lhes permite maior mobilidade social e realização de projetos (15). Por outro lado, ao ouvir adolescentes que engravidaram, observamos situações diversas de envolvimento afetivo. Às vezes a gravidez é inesperada, mas desejada inconscientemente; em outras é até programada. Em geral, a gravidez é decorrência de um envolvimento afetivo e sentida como acontecimento positivo, que coloca em evidência a sexualidade juvenil e oferece maior autonomia às adolescentes (11).
SEXUALIDADE HUMANA E A ENTRADA NA VIDA ADULTA
A sexualidade humana nunca foi vivenciada de forma livre. Em todas as épocas da humanidade sofreu e sofre algum tipo de interdição, que é variável conforme o momento histórico e social. Segundo a visão da antropologia social, a primeira interdição à sexualidade, o tabu do incesto, é fundamento da cultura humana. Antes de se organizar em sociedade o homem vivia, como os macacos superiores, em hordas de várias fêmeas chefiadas por um macho que ordenava a morte de todos os machos que nascessem. A partir da sobrevivência de alguns, surgiram novas hordas em que eram proibidas as relações sexuais entre parentes, no intuito de proliferar a espécie. Em outras épocas, diferentes proibições surgiram por diversos motivos: econômicos, religiosos etc. (9).
Na sociedade contemporânea, vivemos uma época de maior liberdade sexual desde o advento dos contraceptivos hormonais orais, que proporcionaram a desvinculação quase total entre sexualidade e reprodução. Hoje, na maioria das camadas sociais, é aceita a atividade sexual antes do casamento, e a mulher conquistou maior independência para desfrutar do prazer do sexo, anteriormente prerrogativa apenas do homem. Alem disso, houve intensificação das mensagens sexuais veiculadas pela mídia, o que certamente proporcionou alguma influência no exercício sexual das pessoas.
Entretanto, apesar da maior liberdade e do estímulo a atividade sexual, vemos uma diversidade de experiências entre os jovens. Nessa etapa da vida, os indivíduos são muito influenciados pelo meio externo à família, pois se encontram num necessário momento de afastamento dos seus pais. Esses, apesar de perceberem o que acontece com a vida sexual dos filhos, não conseguem orientá-los efetivamente, pois não se consideram aptos para falar de sexualidade ou de métodos contraceptivos (6).
Na adolescência, há um natural abandono dos ideais infantis, uma busca de novos ideais no meio social e uma separação progressiva dos pais. Ocorrem escolhas de novos laços sociais e afetivos. Nesse momento, o grupo de iguais exerce enorme influência, impondo normas e regras sob forma de modelos, comportamentos, costumes, leis e práticas diversas.
Os jovens, portanto, são muito suscetíveis às influências do grupo de iguais. Dependendo do ambiente social em que vivem, suas atitudes perante o sexo diferem. Há grupos com regras bem divergentes dos demais. Por exemplo, aqueles associados à religião cristã são orientados a se manterem castos até o casamento. Outros são implicados em grupos que refletem a cultura funk, que estimula, por meio da música, um exercício sexual precoce altamente associado ao prazer. Novos grupos surgem a cada momento. Não podemos esquecer da forte influencia das questões de gênero na sexualidade. Esse sistema impõe regras que são incorporadas como naturais, mas que na verdade são socialmente construídas. Os homens são estimulados a iniciar a atividade sexual precocemente e a exercitá-la sempre. Já as mulheres devem-se guardar e são desvalorizadas quando assumem um comportamento semelhante aquele que é esperado do homem. Nessa visão de construção social do comportamento sexual, é bom destacarmos também a intolerância às expressões homossexuais. Um movimento interessante é assumido pelo grupo de emotional hardcores (EMOs), que vivem o sexo com liberdade e afeto e aceitam os relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo, diferindo, portanto, dos demais indivíduos de mesma faixa etária.
Em pesquisa qualitativa realizada por meio de reuniões em grupos focais e entrevistas individuais semi-estruturadas, foram discutidos temas relacionados com a sexualidade, ficando patente que a moral social, a família, o grupo de iguais e o nível socioeconômico exercem enorme influência no comportamento sexual dos jovens. Os resultados indicaram que as adolescentes que têm um investimento afetivo familiar se apropriam mais de sua sexualidade, agem com maior proteção e não se submetem meramente à satisfação dos desejos de outrem, pois se tornam mais sujeitos de sua própria sexualidade (17).
Estudos revelam que hoje o desejo sexual é vivenciado de forma mais livre, e o sexo por prazer vem substituindo o mito do amor romântico (7). A idade média do primeiro intercurso sexual é mais baixa, por volta de 15 e 14 anos, para meninas e meninos, respectivamente(12). E, apesar da imagem social de promiscuidade da adolescência, pesquisa nacional verificou que cerca de 70% dos jovens sexualmente ativos de todas as faixas etárias referem somente a um parceiro sexual(4). Verifica-se que as práticas sexuais são diversas, assim como o perfil reprodutivo dos jovens (3).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Podemos constatar que as opiniões variadas e simplificadas sobre a gravidez na faixa etária da adolescência não conseguem explicar, muito menos comprovar, uma relação de causalidade. Esse fenômeno é complexo, carregado de subjetividade e de influências sociais.
A gravidez na adolescência está associada à baixa escolaridade e ao baixo nível socioeconômico. A solução que se apresenta nas políticas públicas de saúde e educação é a do planejamento familiar, com forte ênfase nos métodos contraceptivos. E como se disséssemos: adolescentes pobres e com pouca escolaridade não devem ter filhos. Não seria mais justo resolver o problema da gravidez na adolescência investindo em melhores condições de vida (aumentar a escolaridade e as oportunidades de ascensão social e melhorar a renda) para que as pessoas tenham o direito e a possibilidade de escolher em que momento ter ou não filhos?
Para finalizar, vale transcrever a fala de uma adolescente que representa de forma contundente os questionamentos aqui apresentados. Ela exemplifica, singularmente, como as adolescentes brasileiras, desprovidas de afeto e cidadania, reduzem seus sonhos de realização, como pessoa e como mulher, ao casamento e a maternidade:
“...um dia eu quis ser alguém na vida, assim, ser advogada, médica, dentista. Mas hoje eu acho que eu já desiludi. Eu não quero ser mais nada. Quero apenas ser dona de casa. Casar e ser dona de casa” (Liliane, 15 anos).
REFERÊNCIAS
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19. Taquette SR, Vilhena MM, Paula MC. Doenças sexualmente transmissíveis e gênero: um estudo transversal entre adolescentes no Rio de Janeiro. Cad Saúde Publica. 2004; 20(1): 282-90.
http://www.fqm.com.br/Site/br/docs/as022008.pdf
quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009
TEMA PARA REDAÇÃO DISSERTATIVA
Escolha uma das perguntas abaixo e redija uma dissertação de no máximo 30 linhas.
1. Quais os diferentes motivos que levam as garotas e os garotos a engravidar?
2. Quais as consequências da gravidez na adolescência?
3. Quais as perdas e/ou os ganhos da gravidez na adolescência?
4. Como é vista a gravidez na adolescência aos olhos do senso comum e da mídia?
5. Como atuar para resolver (ao menos parcialmente) o problema da gravidez na adolescência?
6. Quais intervenções poderiam realmente contribuir para proteger o adolescente de situações que o coloquem em risco?
7. Quais as consequências da sexualidade precoce?
1. Quais os diferentes motivos que levam as garotas e os garotos a engravidar?
2. Quais as consequências da gravidez na adolescência?
3. Quais as perdas e/ou os ganhos da gravidez na adolescência?
4. Como é vista a gravidez na adolescência aos olhos do senso comum e da mídia?
5. Como atuar para resolver (ao menos parcialmente) o problema da gravidez na adolescência?
6. Quais intervenções poderiam realmente contribuir para proteger o adolescente de situações que o coloquem em risco?
7. Quais as consequências da sexualidade precoce?
ESQUEMA DISSERTATIVO
ESQUEMA BÁSICO DE DISSERTAÇÃO
ou
SÍNTESE DE IDÉIAS
Imagine que você queira dissertar sobre o seguinte tema:
Chegando ao terceiro milênio, o homem ainda não conseguiu resolver graves problemas que preocupam a todos.
Sua primeira providência deve ser copiar este tema em uma folha de rascunho e fazer a pergunta: POR QUÊ?
Ao iniciar sua reflexão sobre o tema proposto e sobre uma possível resposta para a questão, procure recordar-se do que já leu ou ouviu a respeito dele. É quase certo que você tenha ao menos uma noção acerca de qualquer tema que lhe vier a ser apresentado.
O ideal, para que sua dissertação explore suficientemente o assunto, é que você obtenha duas ou três “respostas” para a questão formulada: estas “respostas” chamam-se argumentos. Vejamos agora que argumentos poderíamos encontrar para este tema.
Uma possibilidade é pensar que um dos sérios problemas que o homem não consegue resolver é o da miséria. Assim, já teríamos o primeiro argumento: Existem populações imersas em completa miséria.
Pensando um pouco mais nos problemas que enfrentamos, poderíamos formular o segundo argumento: A paz é interrompida freqüentemente por conflitos internacionais.
Refletindo um pouco mais sobre as questões que afligem a humanidade, logo lembramos do desequilíbrio ecológico, que pode ser nosso terceiro argumento: O meio ambiente encontra-se ameaçado por sério desequilíbrio ecológico.
Viu como foi fácil? Os argumentos selecionados são exaustivamente noticiados por qualquer meio de comunicação.
TEMA
Chegando ao terceiro milênio, o homem ainda não conseguiu resolver graves problemas que preocupam a todos.
1. Existem populações imersa em completa miséria.
2. A paz é interrompida freqüentemente por conflitos internacionais.
3. O meio ambiente encontra-se ameaçado por sério desequilíbrio ecológico.
3. O meio ambiente encontra-se ameaçado por sério desequilíbrio ecológico.
Você pode encontrar outros argumentos além destes apresentados acima que justifiquem a afirmação proposta pelo tema. A única exigência é que eles se relacionem com o assunto sobre o qual está escrevendo.
Uma vez estabelecido o tema e os três argumentos, você já dispõe do necessário para, agora, na folha definitiva, começar a redigir sua dissertação. Ela deverá constar de três partes fundamentais: Introdução. Desenvolvimento e Conclusão.
Vamos agora redigir o primeiro parágrafo, ou seja, a Introdução, baseando-nos no quadro acima. Para compô-la, basta que você copie o tema e a ele acrescente os três argumentos, assim como aparecem no quadro. Veja como poderia ser:
Chegando ao terceiro milênio, o homem ainda não conseguiu resolver graves problemas que preocupam a todos, pois existem populações imersas em completa miséria, a paz é interrompida freqüentemente por conflitos internacionais e, além do mais, o meio ambiente encontra-se ameaçado por sério desequilíbrio ecológico.
Observe que, na Introdução, os argumentos são apenas mencionados. Neste primeiro parágrafo informamos o assunto de que a dissertação vai tratar; cada argumento será convenientemente desenvolvido nos parágrafos seguintes. Repare nas palavras pois e além do mais, colocadas neste texto para ligar as diferentes partes da Introdução. São elas que reúnem o tema aos argumentos.
Depois de terminado o parágrafo da Introdução, você poderá passar ao Desenvolvimento, explicando cada um dos argumentos expostos acima. Assim, no próximo parágrafo, escreva tudo o que souber sobre o fato de existirem populações miseráveis.
Embora o planeta disponha de riquezas incalculáveis – estas, mal distribuídas, quer entre Estados, quer entre indivíduos –, encontramos legiões de famintos em pontos específicos da Terra. Nos países do Terceiro Mundo, sobretudo em certas regiões da África, vamos com tristeza a falência da solidariedade humana e da colaboração entre as nações.
Neste parágrafo, a coesão se dá pelo conteúdo do segundo parágrafo, que inteiramente retoma o conteúdo do primeiro argumento exposto na introdução. No entanto, como você pode perceber, convém, vez por outra, lançar mão de certos exemplos para comprovar suas afirmações.
No parágrafo seguinte desenvolve-se o segundo argumento:
Além disso, nestas últimas décadas, temos assistido, com certa preocupação, aos inúmeros conflitos internacionais que se sucedem. Muitos trazem na memória a triste lembrança das guerras do Vietnã e da Coréia, as quais provocaram grande extermínio. Em nossos dias, testemunhamos conflitos na antiga Iuguslávia, em alguns países membros da Comunidade dos Estados Independestes, sem falar da Guerra do Golfo, que tanta apreensão nos causou.
Note a presença da expressão Além disso no início do parágrafo, que estabelece a ligação com o parágrafo anterior. Ela deve ser colocada para evidenciar o fato de que os parágrafos se relacionam entre si.
Falemos agora do terceiro argumento:
Outra preocupação constante é o desequilíbrio ecológico, provocado pela ambição desmedida de alguns, que promovem desmatamentos desordenados e poluem as águas dos rios. Tais atitudes contribuem para que o meio ambiente, em virtude de tantas agressões, acabe por transformar em local inabitável.
Observe a expressão Outra preocupação constante, colocada no início deste parágrafo. Ela é o elemento de ligação com o parágrafo anterior do Desenvolvimento. Estabelece a conexão entre os argumentos apresentados.
Para que sua dissertação fique completa, falta apenas elaborar um último parágrafo que se denomina Conclusão. Para isso, é preciso que analisemos suas partes constitutivas.
A Conclusão pode iniciar-se com uma expressão que remeta ao que foi dito nos parágrafos anteriores (expressão inicial). A ela deve seguir-se uma reafirmação do tema proposto no início da redação. No final do parágrafo, é interessante colocar uma observação, fazendo um comentário sobre os fatos mencionados ao longo da dissertação.
Com base nessa orientação, já podemos redigir o parágrafo final, ou seja, a Conclusão.
Em virtude de tudo isso, somos levados a acreditar que o homem está muito longe de solucionar os grandes problemas que afligem diretamente uma grande parcela da humanidade e indiretamente a qualquer pessoa consciente e solidária. É desejo de todos nós que algo seja feito no sentido de conter essas forças ameaçadoras, para podermos suportar as adversidades e construir um mundo que, por ser justo e pacífico, será mais facilmente habitado pelas gerações vindouras.
OBSERVAÇÃO:Caso você deseje, é possível que a Conclusão seja formada apenas pelo comentário final, dispensando o início, constituído pela expressão inicial e reafirmação do tema; eles atuam apenas como reforço, como ênfase ao problema abordado.Agora, reunindo todos os parágrafos escritos, temos a dissertação completa, acrescida de um título:
Terra: uma preocupação constante
Chegando ao terceiro milênio, o homem ainda não conseguiu resolver graves problemas que preocupam a todos, pois existem populações imersas em completa miséria, a paz é interrompida freqüentemente por conflitos internacionais e, além do mais, o meio ambiente encontra-se ameaçado por sério desequilíbrio ecológico.Embora o planeta disponha de riquezas incalculáveis – estas, mal distribuídas, quer entre Estados, quer entre indivíduos – encontramos legiões de famintos em pontos específicos da Terra. Nos países do Terceiro Mundo, sobretudo em certas regiões da África, vemos com tristeza, a falência da solidariedade humana e da colaboração entre as nações.Além disso, nestas últimas décadas, temos assistido, com certa preocupação, aos inúmeros conflitos internacionais que se sucedem. Muitos trazem na memória a triste lembrança das guerras do Vietnã e da Coréia, as quais provocaram grande extermínio. Em nossos dias, testemunhamos conflitos na antiga Iugoslávia, em alguns países membros da Comunidade dos Estados Independentes, sem falar da Guerra do Golfo, que tanta apreensão nos causou.Outra preocupação constante é o desequilíbrio ecológico, provocado pela ambição desmedida de alguns, que promovem desmatamentos desordenados e poluem as águas dos rios. Tais atitudes contribuem para que o meio ambiente, em virtude de tantas agressões, acabe por se transformar em local inabitável.Em virtude de tudo isso, somos levados a acreditar que o homem está muito longe de solucionar os grandes problemas que afligem diretamente uma grande parcela da humanidade e indiretamente a qualquer pessoa consciente e solidária. É desejo de todos nós que algo seja feito no sentido de conter essas forças ameaçadoras, para podermos suportar as adversidades e construir um mundo que, por ser justo e pacífico, será mais facilmente habitado pelas gerações vindouras.Caso você deseje fazer uma dissertação um pouco menor, basta usar dois argumentos em vez de três.
(Técnicas básicas de redação, Branca Granatic)
APLICAÇÃO DO ESQUEMA EM TEMAS DE VESTIBULAR
Redija, para o tema abaixo, um parágrafo de introdução adequado ao esquema de síntese de idéias.
FUVEST
Um dia sim, outro também. Duas bombas, suásticas nazistas e muitas mensagens pregando a tolerância zero a negros, judeus, homossexuais e nordestinos marcaram a Semana da Pátria em São Paulo. O primeiro petardo foi direcionado na segunda-feira 4, para o coordenador da Anistia Internacional. Tratava-se de uma bomba caseira, postada numa agência dos Correios de Pinheiros com endereço certo: a casa do coordenador. Uma hora e meia depois, foi a vez de o secretário de Segurança e de os presidentes das comissões Municipal e Estadual de Direitos Humanos receberem cartas ameaçadoras. Assinando “Nós os skinheads” (cabeça raspada), os autores abusaram da linguagem chula, do ódio e da intolerância. “Vamos destruir todos os viados, pretos e nordestinos”, prometeram. Eles asseguravam também já terem escolhido os representantes daqueles que não se enquadram no que chamam de “raça pura” para receberem “alguns presentinhos”. Como prometeram, era só o começo. No dia seguinte, terça-feira 5, o mesmo grupo mandou outra bomba, dessa vez para a associação da Parada do Orgulho Gay. (Revista Isto é) Desde então [os anos 80], o poder racista alastrou-se por todo o mundo numa torrente de excessos sanguinolentos. Também na Alemanha, imigrantes e refugiados foram mortos friamente por maltas de radicais de direita em atentados incendiários. Até hoje, a esfera pública minimiza tais crimes como obra de uns poucos jovens desclassificados. Na verdade, porém, o poder racista à solta nas ruas é o prenúncio de uma reviravolta nas condições atmosféricas mundiais. (Robert Kurz)
Um dos eventos realizados no final de abril deste ano no Chile foi uma conferência internacional secreta de militantes extremistas de direita e organizações neonazistas planejada e divulgada pela Internet. Foram convidados a participar do “Primeiro Encontro Ideológico Internacional de Nacionalismo e Socialismo” representantes do Brasil, Uruguai, Argentina, Venezuela e Estados
Unidos. (Revista Isto é)
(...) Nos últimos anos, grupos neonazistas têm se multiplicado. Tanto nos Estados Unidos e na Europa quanto aqui parece existir uma relação entre o desemprego estrutural do sistema capitalista e a ascensão desses grupos de inspiração neonazista. (Página da Internet)
Toda proclamação contra o fascismo que se abstenha de tocar nas relações sociais de que ele resulta como uma necessidade natural, é desprovida de sinceridade. (Bertolt Brecht)
Considerar alguém como culpado, porque pertence a uma coletividade à qual ele não “escolheu” pertencer, não é característica própria só do racismo. Todo nacionalismo mais intenso, e até mesmo qualquer bairrismo, consideram sempre os outros (certos outros) como culpados por serem o que são, por pertencerem a uma coletividade à qual não escolheram pertencer. (...) (Cornelius Castoriadis)
"A violência é a base da educação de cada um.” (Resposta de um cidadão anônimo entrevistado pela TV sobre as razões da violência)
______________________________________________________________________________________________
Estes textos (adaptados das fontes citadas) apresentam notícias sobre o crescimento do neonazismo e do neofascismo e, também, alguns pontos de vista sobre o sentido desse fenômeno. Com base nesses textos e em outras informações e reflexões que julgue adequadas, redija uma DISSERTAÇÃO EM PROSA, procurando argumentar de modo claro e consistente.
domingo, 8 de fevereiro de 2009
PARA AS AULAS DE 19 E 20 DE FEVEREIRO
Nas aulas desta semana, vocês irão escrever, para nota, uma dissertação sobre gravidez na adolescência. Por isso, procurem ler o material que postei na semana passada.
Quanto ao filme, (o início ou a continuação, dependendo da sala) ficará para uma outra oportunidade.
Abraços
Quanto ao filme, (o início ou a continuação, dependendo da sala) ficará para uma outra oportunidade.
Abraços
quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009
GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA
"O crescente índice de gravidez entre os adolescentes é uma tendência universal. Não é um fato atual. Nossas avós casavam-se com 12, 15 e 16 anos e procriavam pouco depois. O motivo de preocupação e angústia são as gestações não planejadas, o aumento desse número e o efeito no exercício da sexualidade desses adolescentes. Muitos fatores contribuem para o aumento da Gravidez precoce, como: o pensamento que “isto não vai acontecer comigo”; medo de encarar a própria sexualidade e o romantismo que a envolve; a influência dos meios de comunicação, que criam uma imagem equivocada, desvinculando o sexo da gravidez e DST/AIDS; a condição econômica e a falta de conhecimentos em relação à contracepção; os riscos de saúde que envolvem essa gravidez e os problemas psico-sociais. A Educação Sexual, em nossos dias, continua repressora e grande parte das famílias, freqüentemente, associam à sexualidade a conotação de “pecado” e “sujeira”. É fundamental que a família, a escola e a comunidade assumam a responsabilidade de orientar os adolescentes para que possam vivenciar a sua sexualidade de forma saudável e responsável."
http://www.cesjf.br/cesjf/revistas/cesrevista/edicoes/2007/gravidez_na_adolescencia.pdf
http://www.cesjf.br/cesjf/revistas/cesrevista/edicoes/2007/gravidez_na_adolescencia.pdf
domingo, 1 de fevereiro de 2009
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