quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Redação de parágrafo dissertativos

Escreva parágrafos dissertativos seguindo o modelo abaixo .


Assunto: Aborto

Delimitação do assunto: Aborto provocado

Objetivo: Enumerar as causas existentes entre nós para o chamado aborto provocado.

Tópico frasal: "As causas apontadas para o aborto provocado entre nós são divididas em dois grupos."

Desenvolvimento por enumeração - critério de classificação (Enumerar é expor uma série de coisas - razões, características, fatos, funções, fatores etc. - uma por uma. É possível, àquele que redige, utilizar um critério para o ato de enumerar. Assim fazendo, estará propiciando mais clareza e equilíbrio ao parágrafo desta forma ordenado. Citemos alguns critérios: critério de importância; critério de preferência; critério de classificação; critério aleatório - os elementos enumerados são dispostos livremente, sem nenhuma predeterminação)


Classificação (grupo de ordem pessoal e econômica)

Elementos enumerados:

- Grupo de ordem pessoal
  • medo do parto;
  • desejo de esconder uma gravidez indiscreta;
  • inconvenientes sobre os planos da vida da mulher, ou da vida conjugal;
  • receios de comprometimento de um estado de saúde alterado.

- Grupo de ordem econômica

  • dificuldade na manutenção dos filhos;
  • dificuldade em obter trabalho que não implique abandono dos filhos;
  • dificuldade de habitação para maior número de filhos.

Redação do parágrafo: "As causas apontadas para o aborto provocado entre nós são divididas em dois grupos: de ordem pessoal - o medo do parto, por ignorância ou má experiência anterior; o desejo de esconder uma gravidez indiscreta; os inconvenientes de uma gravidez sobre os planos de vida da mulher (viagens, trabalho) ou da vida conjugal (má vontade do companheiro etc.); os receios de que a gestação possa comprometer um estado de saúde alterado - e de ordem econômica - dificuldade na manutenção dos filhos (alimentação, vestuário e educação); dificuldade em obter trabalho que não implique abandono dos filhos; dificuldade de obter habitação para maior número de filhos." (Revista Pais e filhos)

1. Assunto: Ecologia

Delimitação do assunto: Desequilíbrios ecológicos e poluição no Brasil.

Objetivo: Apontar algumas das dificuldades com que se defronta o governo brasileiro diante dos problemas de desequilíbrio ecológico e de poluição.

Tópico-frasal: "Inúmeras são as dificuldades com que se defronta o governo brasileiro diante dos problemas de desequilíbrios ecológicos e poluição."

Desenvolvimento por enumeração - critério aleatório

Elementos enumerados:

  • a enorme extensão territorial do Brasil;
  • a má distribuição populacional;
  • a escassez de cientistas e técnicos especializados;
  • o baixo nível de educação do povo brasileiro;
  • a escassez de recursos financeiros;
  • a falta de tradição de problemas desta natureza.

2. Assunto: Desenvolvimento tecnológico dos meios de comunicação

Delimitação do assunto: Desenvolvimento tecnológico dos meios de comunicação e formas de comunicação humana

Objetivo: Enumerar as características da comunicação de massa que decorrem dos recentes desenvolvimentos tecnológicos e que a diferenciam das formas anteriores de comunicação entre os homens.

Tópico frasal: "Recentes desenvolvimentos tecnológicos tornaram possível uma nova forma de comunicação humana: a comunicação de massa. Essa forma se diferencia das anteriores pelas seguintes e principais características:"

Desenvolvimento por enumeração - critério aleatório

  • audiências relativamente grandes, heterogêneas e anônimas;
  • mensagens transmitidas publicamente (programadas, na maioria das vezes, para atingir simultaneamente a maioria dos membros da audiência) e de caráter transitório;
  • comunicador operando dentro de uma organização complexa que pode envolver grandes despesas.

Conclusão: "Essas condições têm consequências importantes para as atividades tradicionais que são desempenhadas por comunicadores na sociedade."

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Avaliação bimestral - dissertação




Proposta de redação: Redija um texto expondo seu ponto de vista sobre um dos temas do filme "Gallipoli", o qual deve ser citado para introduzir o tema como nos exemplos acima.
Antes de iniciar sua redação leia os comentários abaixo.


Gallipoli

Diretor: Peter Weir

Assunto: o confronto entre australianos e turcos na península de Gallipoli, durante a Primeira Guerra Mundial.

Resumo: dois rapazes australianos se alistam para lutar junto às tropas inglesas na Primeira Guerra Mundial. São enviados à península de Gallipoli para lutar contra os turcos. Por um erro estratégico do comando inglês, toda a unidade militar composta de australianos e neozelandeses é morta pelos turcos, aliados dos alemães.

Considerações preliminares:

a) Sobre o filme
O filme narra a Batalha de Nek, em 1915, du­rante a Primeira Guerra Mundial. Mais que um filme de guerra, é um filme pacifista, que denuncia a violência e a insanidade da guerra, que levou à morte milhares de jovens, que não sabiam sequer por que estavam lutando. Essa perspectiva explica o fato de o diretor ocupar grande parte do tempo apresentando um quadro social e psicológico dos dois jovens que protagonizam o filme. A música de fundo é “Adagio”, de Albinoni.

(...)
d) Dificuldades e recomendações

É interessante que o filme seja visto do ponto de vista biográfico e não como um filme de guerra. Essa perspectiva torna a sua análise muito mais rica porque permite pensar uma variedade de temas que ultrapas­sam os limites da guerra. Na verdade, aqui não se trata da guerra propriamente, mas de como a guerra afetou pessoas e países que estavam muito longe dos aconteci­mentos e dos motivos que levaram à eclosão desse con­flito. É interessante notar que em nenhum momento o filme esclarece por que a guerra está acontecendo. Essa falta de explicação é intencional e visa a mostrar que os motivos que levaram aqueles rapazes à guerra nada ti­nham a ver com a guerra propriamente e sim com eles mesmos.

e) Idéias-chaves
A questão que o filme nos coloca diz respeito ao próprio sentido da guerra. Por que teriam morrido to­dos aqueles meninos que pouco antes corriam pelas pla­nícies da Austrália? Na verdade, é uma pergunta que se aplica a muitas guerras.




(Mariza de Carvalho Soares, professora de História da América do Departamento de História da Universidade Federal Fluminense, onde é doutoranda em História Social e coordenadora do projeto Cinema & História
no Laboratório de História Oral e Iconografia.)









terça-feira, 2 de junho de 2009

Paz/Guerra

* Por Celso Lafer
Publicado em 18/02/2005 - 02:00



A palavra guerra provém do germânico werra, que tem a acepção de discórdia, combate. Já a palavra paz se origina do latim pax, de verbo cujo particípio é pactus, donde o pacto celebrado entre os beligerantes para fazer cessar o estado de guerra. A etimologia das duas palavras explica o inter-relacionamento que permeia a dicotomia paz/guerra, na qual a guerra é o termo forte e a paz, por isso mesmo, é usualmente definida e dicionarizada como ausência de guerra.
Na análise da vida internacional, em contraste com o que ocorre no plano interno, no qual o termo forte é ordem (pois a desordem é a falta de ordem), a prevalência da guerra sobre a paz é o pressuposto do realismo político.
Este endossa a leitura de Hobbes, para quem o sistema internacional, na inexistência de um pacto dotado de poder, corresponde à anarquia do estado de natureza da guerra de todos contra todos. Na anarquia do estado de natureza a paz é vista como um precário arranjo, fruto da prudência ou do expediente. Daí a recomendação do ditado latino: "Se queres a paz, prepara-te para a guerra."

A mitologia grega registra a histórica preponderância da guerra sobre a paz.

Ares, o deus da guerra, tem assento no panteão olímpico. Já a Paz (Eirene), assim como a Justiça (Diké) e as Boas Leis (Eunomia) são divindades de menor hierarquia que integram o séquito de Afrodite.
Até o século 20 a valorização da guerra foi mais freqüente que a sua condenação. Hegel, por exemplo, contestando Kant, diz que a guerra assegura a saúde moral dos povos, que se veria afetada pela estagnação de uma paz perpétua, da mesma maneira que os ventos protegem o mar da podridão inerente às águas paradas.
A valorização da paz, cujo antecedente axiológico mais notório é o ideal messiânico elaborado pelo profetismo bíblico da conversão das espadas em arados, só se generaliza no século 20, com os movimentos pacifistas. Para isso foi determinante a inovação tecnológica que vem multiplicando, de maneira exponencial, a capacidade destrutiva das armas. É por esse motivo que a guerra deixou de ser vista como um mal aparente ou necessário, mas como um verdadeiro mal nas suas duas vertentes, para recorrer ao ensinamento de Bobbio: o mal ativo, infligido pela arrasadora destrutividade das armas de hoje, e o mal passivo, sofrido pelas vítimas da violência dos conflitos contemporâneos.
A evolução do cenário internacional pós-guerra fria e o término da lógica estratégica do equilíbrio do terror nuclear não levaram à criação das condições de uma humanidade mais pacífica. A guerra tem-se revelado, confirmando um conceito de Raymond Aron, um camaleão. Assume novas formas e complexidades próprias a cada distinta conjuntura. Tem atualmente como notas: a heterogeneidade dos conflitos que incluem guerras civis e guerras de secessão nacional com conflitos étnicos, e guerras terroristas sem protagonista estatal identificável; a pluralidade das armas; os ódios públicos seletivamente alimentados pelo fundamentalismo; o unilateralismo provocador das tensões de hegemonia e, como sempre, o tradicional jogo dos interesses do poder e da economia. Subjacente a este camaleão, no entanto, está o mal ativo e passivo. Daí a preocupação com a arrasadora violência da guerra, que desde a 1.ª Guerra Mundial inaugurou o massacre de massas que atinge crescentemente a população civil. Estima-se que nos conflitos contemporâneos, qualificados de "baixa intensidade", que infestam o Oriente Médio, a África e outras regiões do mundo, 75% a 90% das vítimas são civis.

Daí a urgência dramática da pergunta: por que a guerra, e não a paz?

As condições históricas da inserção do Brasil no mundo permitiram ao nosso país afirmar o valor da paz, consagrando-o juridicamente como diretriz da política externa desde a Constituição Republicana de 1891. Nesse sentido, pode-se dizer que, para a diplomacia brasileira, paz e guerra são, na linha de Raymond Aron, idéias reguladoras da Razão: a guerra nos lembra o que é preciso temer; a paz, o que temos o direito de almejar.
A expressão desta visão tem a sua melhor representação nos dois painéis de Portinari - Paz e Guerra - que o Brasil ofereceu à ONU e estão localizados no saguão da Assembléia-Geral. Como disse, em 1956, o então chanceler José Carlos de Macedo Soares, dar à sede da ONU esses dois painéis, que sintetizavam a vocação brasileira para a paz, carregava uma mensagem: a imagem da guerra que a ONU tem de vencer e a da paz que deve promover e realizar.
Portinari, que tinha a força estética para o monumental - e por isso foi o grande muralista latino-americano -, na representação da guerra, ciente de que as armas mudam continuamente, não se ocupou dos seus artefatos e protagonistas. Inspirou-se na simbologia dos quatro cavaleiros do Apocalipse. Fixou o sofrimento das populações civis. São as seis figuras maternas com o filho morto que lembram a Pietà e os quase 70 deslocados no mundo que têm as faces dos retirantes nordestinos. O clima da guerra emana de um azul escuro e no canto do painel se encontram três grandes felinos, de repugnante beleza, a nos advertir dos perigos do vitalismo da estetização da violência.
A matéria-prima inspiradora da representação da paz do painel de Portinari foi a memória da inocência da infância. São os meninos de Brodowski nas gangorras, um coral de crianças de todas as raças, moças que bailam e cantam. No centro do painel, duas cabras dançam. Dançam "porque a paz é um estado natural de dança na face da Terra", como escreveu Carlos Drummond de Andrade, e porque, para lembrar um poema de Mário de Andrade sobre o Brasil, "embora tão diversa a nossa vida/ Dançamos juntos no carnaval das gentes".
A mensagem dos painéis de Portinari articula, como disse o chanceler Macedo Soares, uma "força profunda" da política externa brasileira e representa, sem as seletividades da razão de Estado, das ideologias e dos fundamentalismos, o ideal de paz. Este ideal, no labirinto da convivência coletiva internacional, continua localizado, com todas as suas imperfeições, na institucionalidade da ONU e nas direções que aponta a sua Carta para lidar com a kantiana "insociável sociabilidade humana": a solução pacífica de controvérsias, os direitos humanos, o desarmamento, a cooperação para superar as assimetrias econômicas e sociais. * Celso Lafer é professor titular da Faculdade de Direito da USP, foi ministro das Relações Exteriores no governo Fernando Henrique Cardoso.



http://www.universia.com.br/materia/materia.jsp?id=6251
Guerra



Paz


Portinari se baseou em figuras noturnas para pintaro quadro Guerra. Já para pintar Paz,o artista se inspirou nas crianças de sua cidade natal, Brodowski.

http://images.google.com.br/imgres?imgurl

Imagens de mães com bebês mortos no colo, mulheres agachadas em desespero e mãos levadas à cabeça compõem a série Guerra. Em Paz, há mãos entrelaçadas, crianças em balanços, corpos a dançar.

http://www.cartanaescola.com.br/edicoes/2007/18/painel-do-descaso/

Gallipoli

FICHA TÉCNICA

Título: Gallipoli

País de produção: Austrália

Diretor: Peter Weir

Ano de produção: 1981

Duração: 110 min

Distribuidora: CIC Vídeo

Assunto: o confronto entre australianos e turcos na península de Gallipoli, durante a Primeira Guerra Mundial.

Resumo: dois rapazes australianos se alistam para lutar junto às tropas inglesas na Primeira Guerra Mundial. São enviados à península de Gallipoli para lutar contra os turcos. Por um erro estratégico do comando inglês, toda a unidade militar composta de australianos e neozelandeses é morta pelos turcos, aliados dos alemães.

Comentários preliminares

a) Sobre o filme
O filme narra a Batalha de Nek, em 1915, du­rante a Primeira Guerra Mundial. Mais que um filme de guerra, é um filme pacifista, que denuncia a violência e a insanidade da guerra, que levou à morte milhares de jovens, que não sabiam sequer por que estavam lutando. Essa perspectiva explica o fato de o diretor ocupar grande parte do tempo apresentando um quadro social e psicológico dos dois jovens que protagonizam o filme. A música de fundo é “Adagio”, de Albinoni.

b) Sobre a Austrália
A Austrália foi descoberta pelos portugueses no século XVI, mas em 1770 foi ocupada pelos ingleses. Em 1901 se constituiu como Estado independente, membro da Comunidade Britânica (Commnwealth). Nas duas grandes guerras mundiais, lutou ao lado dos jngleses.

c) Sobre a participação dos australianos na Pri­meira Guerra Mundial
Convocados para combater ao lado dos exércitos ingleses, os australianos se alistaram para lutar numa guerra que a maioria da população desconhecia. Formou-se então a Unidade Militar Australiana e Neozelandesa, que foi enviada ao Cairo (Egito) para treinamento. Ai permaneceu por oito meses. Em seguida foi enviada para combater na península de Gallipoli. Como relata o próprio filme, esse episódio deixou um saldo de 7.594 mortos e mais de 20.000 feridos. Aproximadamente 1/5 dos mortos eram jovens com menos de 21 anos, alistados irregularmente.

d) Dificuldades e recomendações

É interessante que o filme seja visto do ponto de vista biográfico e não como um filme de guerra. Essa perspectiva torna a sua análise muito mais rica porque permite pensar uma variedade de temas que ultrapas­sam os limites da guerra. Na verdade, aqui não se trata da guerra propriamente, mas de como a guerra afetou pessoas e países que estavam muito longe dos aconteci­mentos e dos motivos que levaram à eclosão desse con­flito. É interessante notar que em nenhum momento o filme esclarece por que a guerra está acontecendo. Essa falta de explicação é intencional e visa a mostrar que os motivos que levaram aqueles rapazes à guerra nada ti­nham a ver com a guerra propriamente e sim com eles mesmos.

e) Idéias-chaves
A questão que o filme nos coloca diz respeito ao próprio sentido da guerra. Por que teriam morrido to­dos aqueles meninos que pouco antes corriam pelas pla­nícies da Austrália? Na verdade, é uma pergunta que se aplica a muitas guerras.

Análise de alguns aspectos do filme

a) Os anos que antecedem a guerra

Enquanto a Europa passava por profundas trans­formações, a vida no interior da Austrália continuava a mesma: as famílias ocupavam terras e aumentavam seus rebanhos. Mas, sem que a maioria deles se desse conta, a África e a Ásia estavam sendo objeto da cobiça dos povos europeus.

b) A Primeira Guerra Mundial
Com a progressiva en­trada de vários países na guerra, o conflito acabou se tornando mundial. Foi a primeira vez que na história da humanidade um conflito armado atingiu tamanhas pro­porções. A guerra (1914-1918) começa nos moldes das guerras do século XIX, com cavalos, infantaria e tambores, e acaba com ataques aéreos, num rápido desenvol­vimento tecnológico. A Batalha de Nek mostra a guerra de trincheiras que caracterizou os primeiros anos do con­flito. Os soldados são orientados a lutar com suas baio­netas. Logo no início da batalha, um oficial recomenda aos soldados que mantenham as armas descarregadas e que lutem com suas baionetas. Do outro lado, os turcos atacavam com modernas metralhadoras, provavelmente fornecidas pêlos alemães.

c) A hierarquia do Exército

A Austrália, como país independente, tem seu próprio comando militar, um general, mas este, por sua vez, está subordinado aos ingleses. Como bem se nota no filme, é o general inglês que, à revelia do australia­no, insiste no ataque suicida. No conjunto das tropas, os australianos são requisitados para compor a cavala­ria. A Austrália já era na época um dos maiores produ­tores de gado e por isso muitos homens eram bons ca­valeiros. O filme se passa entre 1914 e 1915, portanto, logo no início da guerra. Nessa época a cavalaria ainda exercia um importante papel nas batalhas. Ser um sol­dado da cavalaria era motivo de orgulho para qualquer jovem. Sobre o papel da cavalaria no Exército podemos lembrar do exército de Napoleão. O rapaz que é bom cavaleiro vai para a cavalaria e o que não sabe montar vai para a infantaria. Aparentemente é apenas uma questão de saber ou não montar, mas na maioria das vezes não é só isso. Sabe montar quem tem condições de aprender e para isso precisa dispor de cavalos. Rara­mente um rapaz pobre pode aprender a montar porque não dispõe de cavalo. Isso acaba por levar a uma seleção que torna os filhos de proprietários de terra e gado, assim como aqueles que trabalham para eles, mais ap­tos que os demais. Assim, irão para o oficialato os jo­vens com estudo e membros de famílias ricas, e para a cavalaria, os donos de propriedades rurais (não necessa­riamente ricos) e seus agregados. O caso dos dois rapa­zes mostra bem essa diferença.

d) O treinamento no Cairo

A parte do filme referente ao treinamento no Cairo mostra de um lado a adaptação dos jovens austra­lianos, a maioria deles de origem rural, às condições de vida no Exército. Fala da disciplina, hierarquia (exemplo do baile restrito aos oficiais), da proximidade da morte. Tudo isso é novidade para eles.
Outro aspecto interessante é como o Exército, diante do alto índice de contaminação dos soldados, decide combater abertamente o contato dos soldados com a população local: comida, mulheres, jogos de azar, brigas eram sempre recriminadas pelos oficiais, mas mesmo assim nunca deixaram de atrair os soldados, e muitos oficiais...

e) Costume de deixar lembranças nas trincheiras

Numa das cenas finais, antes do início da batalha, vários soldados deixam lembranças presas nas paredes das trincheiras. Os soldados que sobreviviam ge­ralmente se encarregavam de fazer com que elas che­gassem a seu destino (mãe, namorada, geralmente). No filme “Tempo de glória”, o coronel Shaw escrevia as car­tas à sua mãe, que posteriormente possibilitaram a rea­lização do filme.

f) O Império turco

Australianos e ingleses combatem os turcos em Gallipoli e perdem essa batalha e multas outras na pri­meira fase da guerra. Os turcos, aliados aos alemães, se adaptaram rapidamente ao uso das metralhadoras ale­mãs, tecnologicamente sofisticadas. Entretanto, manti­veram muitas de suas tradições, entre elas, por exem­plo, o uso do turbante na cabeça, que rapidamente os diferenciava não apenas dos alemães, mas de todos os europeus. Ao fim da guerra, os turcos, derrotados junto com os alemães, tiveram seu território desmembrado.

Mariza de Carvalho Soares, professora de História da América do Departamento de História da Universidade Federal Fluminense, onde é doutoranda em História Social e coordenadora do projeto Cinema & História
no Laboratório de História Oral e Iconografia.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

ARTIGO ASSINADO
Ler não serve para nada

Como tornar o Brasil uma nação letrada? É o título de um documento de Ottaviano Carlo De Fiore, secretário do Livro e Leitura. Honestamente, eu nem sabia que o Ministério da Cultura tinha um secretário do Livro e Leitura. Mas tem. Sua principal tarefa é “acompanhar, avaliar e sugerir alternativas para as políticas do livro, da leitura e da biblioteca”. Foi exatamente o que Ottaviano Carlo De Fiore tentou fazer em seu documento, estudando maneiras de aumentar o interesse por livros no Brasil. Cito um trecho: “É fundamental que nos meios de massa, políticos, estrelas, sindicalistas, professores, religiosos, jornalistas (através de depoimentos, conselhos, testemunhos) propaguem contínua e perenemente a necessidade, a importância e o prazer da leitura, assim como a ascensão social e o poder pessoal que o hábito de ler confere às pessoas”.
Não pertenço a nenhuma das categorias mencionadas por Ottaviano Carlo de Fiore. A rigor, portanto, meu depoimento não foi solicitado. Dou-o mesmo assim, ainda que tenha plena consciência de minha falta de prestígio e incapacidade de influenciar as pessoas. Se digo que meu escritor preferido é Rabelais, por exemplo, ninguém sente o irrefreável impulso de entrar numa livraria e comprá-lo. Se, por outro lado, Rubens Barrichello recomenda os relatos de reencarnação de Muitas Vidas, Muitos Mestres, do americano Brian Weiss (”depois que o li, o medo que tinha da morte foi embora”), é bastante provável que consiga vender quatro ou cinco exemplares a mais.
Minha experiência, ao contrário do que afirma o documento de Ottaviano Carlo De Fiore, é que o hábito da leitura constitui o maior obstáculo para a ascensão social e o poder pessoal no Brasil. Não é um acaso que aqueles que vivem de livros — os escritores — se encontrem no patamar mais baixo de nossa escala social. Muito mais baixo do que políticos, estrelas, sindicalistas, professores, religiosos ou jornalistas. De fato, basta entrar no Congresso, num estúdio de TV, numa universidade ou numa redação de jornal para ver que todos os presentes têm verdadeira aversão por livros. Eles sabem que livros não ajudam a conquistar poder, dinheiro, respeitabilidade. Livros só atrapalham. Criam espíritos perdedores. Provocam isolamento, frustração, resignação. Desde que comecei a ler, virei um frouxo, um molenga. Com o passar dos anos, foram-se embora todas as minhas ambições. Tudo porque os livros me colocaram no devido lugar. Nada disso, claro, tem a ver com o temperamento nacional, tão afirmativo, tão voraz, tão animal. É contraproducente tentar convencer os poderosos a prestar depoimentos sobre a importância dos livros em suas carreiras, simplesmente porque é mentira, e todo mundo sabe que é mentira. Dê uma olhada nas pessoas de sucesso que aparecem nas páginas desta revista. É fácil perceber que nenhuma delas precisou ler para subir na vida. A melhor receita para o sucesso, no Brasil, é o analfabetismo.
Por mais bem intencionado que seja Ottaviano Carlo De Fiore, duvido que um dia o Brasil venha a se tornar uma nação letrada. Se por acaso isso acontecer, certamente lerá os livros errados. Se calhar de ler os livros certos, só dirá bobagens sobre o que leu.

Original: MAINARDI, Diogo. Veja, São Paulo, n.1.693, 2001.



EDITORIAL



Deserto dos livros


Desgraçadamente, o brasileiro quase não lê. Segundo o Anuário Editorial Brasileiro, existe no país uma livraria para cada 84,4 mil habitantes. A vizinha Ar­gentina tem uma para cada 6.200. O brasileiro adquire em média 2,5 livros por ano, aí incluídos os didáticos, que são distribuídos pelo governo a alunos da rede pública. O francês compra mais de sete livros por ano.
E ler é muito mais do que tomar conhecimento de um texto qualquer. Ler é participar de uma das mais extraordinárias invenções de todos os tempos: os sis­temas de escrita. Embora a maioria deles se relacione com o idioma, são diferentes deste. Enquanto a língua é um atributo humano universal, que pode ser apren­dida por crianças sem a exigência de instrução formal, a escrita é uma tecnologia. Ela surgiu milênios depois dos idiomas e precisa ser ensinada de geração a gera­ção. (...)
Para participar ativamente do mundo moderno, é preciso domínio da leitura. O saber e a tecnologia se reproduzem e avançam por meio de pessoas que pen­sam e estão aptas a comunicar suas ideias pela escrita. E fundamental encontrar formas de fazer as novas gerações lerem mais. Sem intimidade dos jovens com o texto escrito, o futuro do país não será dos mais brilhantes.

Folha de S.Paulo, 4 mar. 2001, p. A-2.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

VOCABULÁRIO

I. Substitua o verbo “ter”, nas frases a seguir, por outro de sentido específico, fazendo as modificações necessárias.
1. O candidato não tinha documentos.
2. A repórter tinha a simpatia de todos.
3. Tive uma sensação de bem-estar.
4. O livro tem mais de cem páginas.
5. O ator teve presença de espírito.
6. Tinha um longo vestido na cerimônia.
7. Tenho a função de fiscal aduaneiro.
8. Não é permitido ter animais no prédio.
9. Paulo teve um gesto de surpresa.
10. O que tem isso?

II. Substitua os segmentos destacados nas frases a seguir por um só verbo de valor correspondente, conforme o modelo. Faça as modificações necessárias.
A criança tem necessidade de carinho. A criança necessita de carinho.
1. O índio brasileiro tinha raiva dos bandeirantes.
2. Os animais têm medo do fogo.
3. Os estrangeiros têm vontade de conhecer o Rio.
4. Os turistas têm prazer em viajar.
5. Os políticos têm pressa de sair de Brasília.
6. O motorista tem obrigação de respeitar os sinais.
7. A República teve início no final do século XIX.
8. A Inconfidência teve lugar em Minas.
9. Os holandeses tinham intenção de estabelecer-se no Brasil.
10. Nem sempre os criminosos têm remorsos de seus atos.

III. Substitua o verbo “fazer”, nas frases a seguir, por outro de sentido específico.
1. Deus fez o mundo em seis dias.
2. A Prefeitura fez banheiros nas praias.
3. Fazia bonecos de barro para a feira.
4. Fez uma crônica em meia hora.
5. Faz a cama ao levantar-se.
6. Fez a barba e as unhas.
7. Fizeram dez anos de casados.
8. Maria fez o jantar cedo.
9. Gostava de fazer favores.
10. A fábrica fez muito este ano.

IV. Substitua o verbo “dar”, nas frases a seguir, por outro de sentido específico, fazendo as modificações necessárias.
1. O que ganho não para as despesas.
2. Dei com a solução do problema.
3. O sol dava-lhe no rosto.
4. A janela dava para o mar.
5. Suas teorias deram-lhe fama.
6. Deu x por y.
7. Deu remédio ao filho doente.
8. O jornal deu a notícia do assalto.
9. Deu uma festa no domingo.
10. A macieira deu muito este ano.

V. O verbo “pôr”, como outros verbos, é empregado com uma série de significados distintos. Substitua-o nas frases a seguir por outro de sentido mais específico, conforme o modelo, Faça as modificações necessárias.
Deve-se pôr pouco sal na comida dos doentes. Deve-se acrescentar pouco sal na comida dos doentes.
1. O sacerdote põe a batina antes de rezar a missa.
2. Quem quer vender algo, põe anúncio nos jornais.
3. A lojista pôs vários quadros na parede.
4. Resolveu pôr o dinheiro no banco.
5. Tonto, pôs as mãos nas costas da cadeira.
6. O assaltante se pôs atrás da porta.
7. Não devemos pôr n antes de p ou b.
8. Os amigos sempre lhe põem a culpa de tudo.
9. O deputado pôs os parentes no Congresso.
10. O engenheiro pôs uma loja de congelados.
11. O guarda pôs o dinheiro na carteira.
12. Sua cara se pôs amarela de medo.
13. Ela se põe a trabalhar às seis horas.
14. O ancião pôs as meias de lã.
15. O médico lhe pôs pomada nas costas.
16. O porteiro pôs seu nome na lista.
17. O modelo põe batom nos lábios.
18. O médico pôs uma sonda no seu ferimento.
19. Sua obra o pôs na Academia.
20. Não se deve pôr o dedo na tomada.

VI. Substitua as expressões em destaque por um só verbo de sentido correspondente, conforme o modelo. Faça as modificações necessárias.
O bibliotecário pôs os livros em fila. O bibliotecário enfileirou os livros.
1. O novo administrador pôs as finanças era ordem.
2. O juiz pôs em dúvida as afirmações do réu.
3. O governo põe a economia em primeiro lugar.
4. A Globo pôs no ar reportagens interessantes.
5. A Secretaria pôs as vacinas à disposição.
6. Ela pôs na cabeça que pararia de fumar.
7. O médico resolveu pôr no papel suas experiências.
8. O diretor pôs o professor nas alturas.
9. A biblioteca pôs os livros em caixas.
10. O advogado pôs em destaque as qualidades do réu.

(Texto em construção. Agostinho Dias Carneiro)

quarta-feira, 29 de abril de 2009

ESQUEMA DISSERTATIVO

A RETROSPECTIVA HISTÓRICA


Nesta aula, será desenvolvido um tema por meio de retrospectiva histórica. Certos temas podem ser analisados levando-se em conta o passar do tempo.

Temas dessa natureza podem ser desenvolvidos utilizando-se o seguinte esquema:

INTRODUÇÃO
1º parágrafo: apresentação do tema e da tese.

DESENVOLVIMENTO
2º parágrafo: retrospectiva histórica (época mais distante).
3º parágrafo: retrospectiva histórica (época mais próxima e época atual).

CONCLUSÃO
4º parágrafo; expressão inicial (portanto, em resumo, dessa forma etc.) + retomada do tema e da tese (agora sob uma perspectiva histórica).

Obs: se você estiver escrevendo uma redação sobre um tema cuja retrospectiva histórica envolva três épocas diferentes, convém escrever um parágrafo para cada época.

Para maior compreensão desse esquema, escreva, para o tema abaixo, uma dissertação que o utilize.

TEMA

Vivemos atualmente a era da comunicação e recebemos todos os dias informações sobre os mais diferentes pontos da Terra, que nos chegam com a rapidez e eficiência dos veículos eletrônicos do mundo contemporâneo.


(Fonte: Técnicas básicas de redação. Branca Granatic)

sexta-feira, 17 de abril de 2009

DO TEXTO FIGURATIVO AO TEMÁTICO

"Há um conto de H. G, Wells, chamado 'A Terra dos Cegos”, que narra o esforço de um homem com visão nor­mal para persuadir uma população cega de que ele pos­sui um sentido do qual ela é destituída; fracassa, e afinal a população decide arrancar-lhe os olhos para curá-lo de sua ilusão. Discuta a ideia central do con­to de Wells comparando-a com a do ditado popular 'Em terra de cegos quem tem um olho é rei”. Em sua opinião essas ideias são antagônicas ou você vê um modo de conciliá-las?"

quinta-feira, 16 de abril de 2009

VOCABULÁRIO

4. ESFACELAR: 1. CAUSAR ESFÁCELO A; GRANGRENAR // 2. ARRUINAR, DESTRUIR; ESTRAGAR. EX: NA ANARQUIA EM MOVIMENTO, NAÇÕES SE ESFACELAM PISOTEADAS POR MILHÕES DE REFUGIADOS DE DESASTRES SOCIAIS E ECOLÓGICOS. (MUNDO. ANO 17, Nº 1, p. 4-HC)


5. SUSPEIÇÃO [DO LATIM SUSPECTIONE] DESCONFIANÇA, DÚVIDA, SUSPEITA. EX: EM SEU LIVRO SOBRE CATÁSTROFE, CRIATIVIDADE E RENOVAÇÃO DA CIVILIZAÇÃO, THOMAS HOMER-DIXON SE MOSTRA COM ALTO GRAU DE PESSIMISMO, PRODUZIDO POR SUSPEIÇÕES USUAIS, COMO CRESCIMENTO DESORDENADO E EXCESSIVO DA POPULAÇÃO MUNDIAL, ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS (...). (MUNDO. ANO 17, Nº 1, p. 4-HC)


6. XENOFOBIA [DE XEN(O)- + FOBIA] AVERSÃO A PESSOAS E COISAS ESTRANGEIRAS. EX: NENHUM POVO DEVE ACEITAR SUBMISSÃO E NÃO SE TRATA DE XENOFOBIA OU UFANISMO, NINGUÉM AQUI DESEJA ALMEJA SER UM VALENTE UBIRAJARA E INVERTER HEGEMONIAS. (REDAÇÕES DO VESTIBULAR UNICAMP/2001. p. 77)


7. UFANISMO: OTIMISMO NACIONALISTA, PATRIOTISMO EXAGERADO. EX: (LIVRO) POR QUE ME UFANO DE MEU PAÍS. CONDE AFONSO CELSO


8. ALMEJAR: DESEJAR INTENSAMENTE. EX: ALMEJAVA UM FUTURO RADIANTE (DICIONÁRIO ESCOLAR DA LÍNGUA PORTUGUESA - ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS. 2ª ED. p. 125)


9. HEGEMONIA: 1. SUPREMACIA POLÍTICA DE UM ESTADO. EX: O IDEAL DE PAZ EXCLUI A HEGEMONIA DE UMA NAÇÃO SOBRE OUTRAS. (DICIONÁRIO ESCOLAR DA LÍNGUA PORTUGUESA - ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS. 2ª ED. p. 660) // 2. PREPONDERÂNCIA, SUPREMACIA, LIDERANÇA, SUPERIORIDADE. EX: O PAÍS DETÉM A HEGEMONIA NO CAMPO DOS BIOCOMBUSTÍVEIS. ((DICIONÁRIO ESCOLAR DA LÍNGUA PORTUGUESA - ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS. 2ª ED. p. 660)


10. AUTÓCTONE [DO GREGO AUTÓCHTON, PELO LATIM AUTOCHTONE] 1. QUE É ORIGINÁRIO DA TERRA EM QUE SE ENCONTRA, SEM RESULTAR DE IMIGRAÇÃO OU IMPORTAÇÃO. EX: POVO AUTÓCTONE; CERÂMICA AUTÓCTONE // 2. ABORÍGINE, INDÍGENA, NATIVO.

VOCABULÁRIO

1. RECRUDESCER [DO LATIM. RECRUDESCERE, 'VOLTAR A SER CRUEL']: 1. TORNAR-SE MAIS INTENSO; AUMENTAR; EXACERBAR-SE. EX: O INCÊNDIO, QUE PARECIA CONTROLADO, RECRUDESCEU. (DICIONÁRIO ESCOLAR DA LÍNGUA PORTUGUESA - ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS. 2ª ED., p. 1083) // 2. REAPARECER COM INTENSIDADE (SINTOMA OU MOLÉSTIA), APÓS UM INTERVALO DE APARENTE CURA; RECORRER; RECAIR. EX: A FEBRE RECRUDESCEU. (DICIONÁRIO ESCOLAR DA LÍNGUA PORTUGUESA - ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS. 2ª ED., p. 1083)


2. EMANAR [DO LATIM EMANARE]: PROVIR; PROCEDER; ORIGINAR-SE; MANAR; DIMANAR. EX: O DIAGNÓSTICO EMANA DE UM LÍDER HISTÓRICO DO PMDB. (MUNDO. ANO 17, Nº 1, p. 3)


3. PARADOXO [DO GREGO PARÁDOXON , PELO LATIM PARADOXON] 1. CONCEITO QUE É OU PARECE CONTRÁRIO AO COMUM; CONTRA-SENSO; ABSURDO; DISPARATE. EX: SEUS DISCURSOS CONTINHAM PARADOXOS. (DICIONÁRIO ESCOLAR DA LÍNGUA PORTUGUESA - ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS. 2ª ED., p. 948) // 2. CONTRADIÇÃO, PELO MENOS NA APARÊNCIA. EX: A OBSESSÃO DA VELOCIDADE E O CONGESTIONAMENTO SÃO UM DOS PARODOXOS DA MODERNIDADE. (DICIONÁRIO AURÉLIO. 2ª ED., p.1265)

quarta-feira, 4 de março de 2009

OS PRESSUPOSTOS

Os pressupostos são marcados, nas frases, por meio de vários indicadores linguísticos, como, por exemplo:

a) certos advérbios

Os resultados da pesquisa ainda não chegaram até nós.

Pressuposto: Os resultados já deviam ter chegado.
ou Os resultados vão chegar mais tarde.

b) certos verbos

O caso do contrabando tornou-se público.

Pressuposto: O caso não era público antes.

c) as orações adjetivas

Os candidatos a prefeito, que só querem defender seus inte­resses, não pensam no povo.

Pressuposto: Todos os candidatos a prefeito têm interesses individuais.

Mas a mesma frase poderia ser redigida assim:

Os candidatos a prefeito que só querem defender seus inte­resses não pensam no povo.

No caso, o pressuposto seria outro: Nem todos os candidatos a pre­feito têm interesses individuais.

No primeiro caso, a oração é explicativa; no segundo, é restri­tiva. As explicativas pressupõem que o que elas expressam refere-se a todos os elementos de um dado conjunto; as restritivas, que o que elas dizem concerne a parte dos elementos de um dado conjunto.

(Para entender o texto. Platão e Fiorin)

AS INFORMAÇÕES IMPLÍCITAS

(...)
Um dos aspectos mais intrigantes da leitura de um texto é a ve­rificação de que ele pode dizer coisas que parece não estar dizendo: além das informações explicitamente enunciadas, existem outras que ficam subentendidas ou pressupostas. Para realizar uma leitura efi­ciente, o leitor deve captar tanto os dados explícitos quanto os implícitos.
Leitor perspicaz é aquele que consegue ler nas entrelinhas. Ca­so contrário, ele pode passar por cima de significados importantes e decisivos ou — o que é pior — pode concordar com coisas que re­jeitaria se as percebesse.
Não é preciso dizer que alguns tipos de texto exploram, com malícia e com intenções falaciosas, esses aspectos subentendidos e pressupostos.
Que são pressupostos? São aquelas ideias não expressas de ma­neira explícita, mas que o leitor pode perceber a partir de certas pa­lavras ou expressões contidas na frase.
Assim, quando se diz "O tempo continua chuvoso", comuni­ca-se de maneira explícita que no momento da fala o tempo é de chuva, mas, ao mesmo tempo, o verbo "continuar" deixa perceber a informação implícita de que antes o tempo já estava chuvoso.
Na frase "Pedro deixou de fumar" diz-se explicitamente que, no momento da fala, Pedro não fuma. O verbo "deixar", todavia, transmite a informação implícita de que Pedro fumava antes.
A informação explícita pode ser questionada pelo ouvinte, que pode ou não concordar com ela. Os pressupostos, no entanto, têm que ser verdadeiros ou pelo menos admitidos como verdadeiros, por­que é a partir deles que se constróem as informações explícitas. Se o pressuposto é falso, a informação explícita não tem cabimento. No exemplo acima, se Pedro não fumava antes, não tem cabimen­to afirmar que ele deixou de fumar.
Na leitura e interpretação de um texto, é muito importante de­tectar os pressupostos, pois seu uso é um dos recursos argumentativos utilizados com vistas a levar o ouvinte ou o leitor a aceitar o que está sendo comunicado. Ao introduzir uma ideia sob a forma de pressuposto, o falante transforma o ouvinte em cúmplice, uma vez que essa ideia não é posta em discussão e todos os argumentos subsequentes só contribuem para confirmá-la.
Por isso pode-se dizer que o pressuposto aprisiona o ouvinte ao sistema de pensamento montado pelo falante.

(Para entender o texto. Platão e Fiorin)

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

ANÁLISE E CORREÇÃO DE PARÁGRAFOS SOBRE O TEMA "GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA" OU "SEXUALIDADE PRECOCE"

Parágrafos de introdução

"Os jovens estão tendo relações sexuais muito cedo, e as vezes isso acaba em tragédia. Muitos têm a sorte de serem bem informados sobre esse assunto, mais alguns não. O adolescentes de classe mais baixa não adquirem as informações que os de classe superior apreendem na escola. A conversa com a família também é muito importante, pois melhor do que ninguém, eles sabem oque é bom para você."

"A sexualidade precoce é um problema que vem sendo cada vez mais preocupante e comum. As gerações, à medida que os anos passam, vêm antecipando mais e mais o abandono das bonecas e carrinhos e se interessando por esse tema - sexualidade. Vemos crianças de 3ª, 4ª série já "perdendo o b.v.", visitando sites impróprios na internet, programas impróprios na televisão e repetindo atos e palavras absurdos para a idade. Essas crianças perdem a infância, se envolvendo com problemas que vão além de sua maturidade, e isso, trás danos, tanto ao físico quanto ao psicológico. E também, às gerações seguintes."


Parágrafos de desenvolvimento

"A falta de diálogos entre os casais é uma das causas onde a garota acaba engravidando. Tem casos de garotas que a primeira vez que fica com um garoto acaba engravidando. A garota sente vergonha ou medo da reação do garoto se ela pedir para ele se previnir... E tem também aquele caso onde o casal não gostam de usar preservativo, e vão na sorte, como por exemplo no filme"Meninas" onde os casais não usam preservativo para evitar uma gravidez nem alguma doença sexualmente transmitível."

"O bebê que pode vir a nascer, se nascer, não havendo complicação durante e pós parto, pondo em risco inclusive a vida da gestante. O bebê pode vir a ser mal formado, apresentando graves ou leves deficiência podendo causar sua morte pela falta de medicamentos que pode vir a tona e não atentando que o fato de uma menina ter uma criança pode arruinar a vida dos parentes ou responsáveis que optaram por ajudar a nova mãe."

"Quando se é adolescente, na maioria das vezes não se esta pronto para formar uma família, tanto por más condições financeiras (pois não se tem trabalho), moradia e nem condições psicológicas para isso."

"Tudo começa no baile funk, as vezes da pra encontrar crianças de 13, 14 anos é lá muitas vezes onde ela conhece seu parceiro, e muita das vezes eles acabem tendo uma relação, e sem o uso do preservativo as garotas acabam ficando gravidas."


Parágrafos de conclusão

"Por essas varias causas dialógue mais com seus pais, sobre pessoas que sabem sobre o assunto, se previna e não se deixe levar eplo prazer."

"Se haverem pessoas que passem nesses bairros pobres, ensinando todos os problemas que podem aconter com a gravidez, talvez esse problema acabe ou menos diminua."

"Portanto para se mãe deve-se ter estutura emocional e financeira, pois ter um filho exige diversos cuidados e a partir do momento que você gera uma criança, você passa a ver a vida de outro jeito!"

"Portanto, a gravidez na adolescência, pode ser evitada, por um amor próprio maior, cuidar melhor de si mesmo, ter mais informações sobre o assunto, andar sempre previnido com preservativo, e uma supervisão maior dos pais."

domingo, 15 de fevereiro de 2009

LEITURAS OBRIGATÓRIAS

1. Carta ao editor


Gravidez de adolescência: uma questão social


A gravidez na adolescência, fato amplamente discutido atualmente nos meios acadêmicos, mídia e órgãos governamentais, longe de representar um acontecimento novo, esteve sempre presente na história da humanidade. Nas civilizações antigas, tão logo aparecessem os primeiros sinais de puberdade, a jovem era considerada apta para o casamento. Presença comum no passado de cada um de nós é facilmente reconhecida em nossas memórias e nos álbuns de família, onde aparecem nossas mães, avós ou bisavós, ainda em tenra idade, cercadas de numerosa prole.

A capacidade reprodutiva, àquela época, estava associada ao frescor da juventude e quanto maior a prole, maior o "mérito da matrona". Nada questionava-se quanto a capacidade psicobiológica daquelas imaturas jovens em parir, cuidar e educar seus filhos.

A igreja católica, detentora de grande poder sobre as questões da sexualidade e reprodução, propagava o " crescei e multiplicai". Exercendo forte repressão sexual e radicalmente contrária ao uso de qualquer tipo de método contraceptivo, contribuía para os 12, 15 ou 20 filhos presentes na maioria das famílias. Somando-se aos fatores culturais e religiosos, havia os interesses políticos e econômicos vigentes.

O Estado dependia do rápido crescimento da mão de obra para concretizar sua expansão e impulsionar as grandes transformações da época, o que tornou o crescimento populacional desejado e incentivado. A quem se destinariam então os serviços de pré-natal e planejamento familiar?

Neste contexto, as mulheres, longe de qualquer expressão social ou política viviam submissas ao marido e senhor e detentoras da "sagrada missão da maternidade" tinham como único legado: casar, procriar e zelar pelos filhos, cabendo ao homem, chefiar e prover adequadamente a família.

Na década de 60, com o movimento de contracultura, os jovens começaram a questionar as políticas sociais vigentes e, além disto, reivindicaram o direito ao livre exercício da sexualidade. Contrariando os rígidos padrões morais, a gravidez passou a ocorrer fora dos laços matrimoniais.

O crescimento populacional tornara-se preocupante e, a então, explosão demográfica somada ao processo maciço de industrialização tornou o trabalho humano "dispensável". O excedente de mão de obra, o desemprego e o futuro dos jovens passaram a ser preocupações para o Estado.

Os acontecimentos sócio-político-econômicos e as transformações ocorridas no âmbito da moral e dos costumes levaram, invariavelmente, o Estado e a sociedade a um novo posicionamento em relação aos padrões sexuais adotados pelos jovens "modernos".

Neste momento, o controle da natalidade tornara-se uma alternativa para conter este processo e os métodos contraceptivos passaram a ser mais divulgados.

Nos idos de 60, surgiram as pílulas anticoncepcionais e criaram-se os primeiros serviços de pré-natal voltados às jovens gestantes. A implantação efetiva dos programas de planejamento familiar permitiu às mulheres e ao Estado o controle sobre a prole.

Nos países em desenvolvimento, fazia-se necessário, mais do que o planejamento familiar, o controle definitivo sobre o número de filhos. Realizou-se, então, nas décadas de 80 e 90, a esterilização de grande número de mulheres jovens em idade fértil, tornando-a hoje, o segundo método contraceptivo mais utilizado pelas jovens brasileiras em união (8%), precedido apenas pelas pílulas anticoncepcionais (PNDS-96).

As progressivas transformações no âmbito da sexualidade dos jovens continuaram ocorrendo, e hoje, a iniciação sexual, ocorrendo cada vez mais precocemente, torna-os alvo de reocupações. A sexualidade, presente em todas as etapas do desenvolvimento humano, aflora com toda sua força na adolescência sobre influência dos hormônios sexuais. Responsáveis pelo aparecimento dos caracteres sexuais secundários conduzem a um novo "olhar" para o sexo oposto, antes indiferente.

Donos de um corpo em crescente transformação e regidos por uma mente ávida de novas experiências, trilham pelos caminhos da curiosidade e do desejo, ainda incontrolável. Alguns com pouco ou nenhum conhecimento da fisiologia do corpo, agora reprodutivo, outros, carregados de conhecimentos científicos e das "sábias" orientações paternas, seguem indistintamente pelos mesmos caminhos. Apoiados no pensamento mágico "isso não acontecerá comigo" e levados pelo calor do momento lançam-se nas mais diversas experiências, entre elas a do sexo desprotegido.

Independente do meio social em que estejam inseridos e do conhecimento prévio dos métodos contraceptivos, expõem-se, frequentemente, ao risco da gestação não planejada.

No Brasil, 50% das jovens e 78% dos jovens têm a sua primeira experiência sexual até os 24 anos de idade, com idade mediana da sexarca de 16,4 anos para as garotas e 15,3 anos para os rapazes (1996). Apenas 33% dos jovens relatam uso de contracepção na primeira relação sexual e em 1998, 25% dos partos realizados no Sistema Único da Saúde (SUS), foram de adolescentes.

Considerando que aproximadamente 40% das adolescentes engravidam até 3 anos da primeira gestação, a questão torna-se ainda mais preocupante.

No mundo moderno, escolaridade e capacitação profissional são fundamentais para inserção do jovem no mercado de trabalho, hoje tão escasso e competitivo. O mesmo ocorrendo para as jovens que já não veêm no casamento e na maternidade ideais de vida.

A ocorrência e a reincidência da gestação não programada, em pleno processo de capacitação e formação profissional, conduzirá invariavelmente os jovens, por necessidade de prover a nova família, à deserção escolar e sub-emprego, mantendo assim o ciclo da pobreza.

Num país pobre, eminentemente jovem como o Brasil ( 21% da população formada por adolescentes), a gestação na adolescência representa um grande desafio. Dos problemas envolvidos com a gravidez precoce, o biológico parece-nos o menor e mais contornável. Uma assistência pré-natal especializada, precoce e preferencialmente multidisciplinar, é capaz de minimizar o impacto biopsíquico da gestação para estas jovens. O principal impacto, porém, ainda é o social.

Ivana Fernandes Souza Ginecologista e Obstetra - Hebiatra Belo Horizonte Minas Gerais Membro da Diretoria de Publicações da ASBRA. 2000-2001 Membro da Diretoria da Associação Mineira de Adolescência - AMA - 2000-2001

Bibliografia

1. Simon C St, Kelly L, Singer D . Why pregnancy adolescents say they did not use contraceptives prior to conception. Journal of Adolescent Health,1996 19(1):48-53.
2. Coates V, Correa M.M. Implicações sociais do papel do pai. In: Maakaroun MF, Souza RP, Cruz AR. Tratado de Adolescência - Um Estudo Multidisciplinar. Rio de Janeiro: Editora de Cultura Médica,1991: 407-13.
3. Costa CFF. Gravidez na adolescência. In: Magalhães FSC e Andrade HSSM. GinecologiaInfanto Juvenil, Rio de Janeiro: Editora Medsi, 1998: 501-05.
4. Galvão L , Díaz J. Saúde Sexual e Reprodutiva no Brasil. Editora Hucitec – Population Concil, 1999, 389p.
5. Grossman E. Adolescência através dos tempos. Adolesc Latinoam 1998; 1(2): 68-73.
6. Jovens Acontecendo na Trilha das Políticas Públicas (2 vols) CNPD, Brasília, 1998.
7. Krauskopf D. Thames, P.L.A. Embarazo en la adolescência e Aspectos antropológicosdel embarazo de adolescentes. Comision Nacional de Atencion Integral al AdolescenteOrganizacion Panamericana de la Salud / OPS. Costa Rica,1996.
8. Maia Filho NL, NederVM, Maioral VFS, Pereira RT, Mathias L. Gravidez na adolescência três décadas de um problema social crescente. Revista GO Atual,1998 (7): 28 a 32.
9. Monteiro DLM. Cunha A A, Bastos A C. Gravidez na Adolescência. São Paulo, Revinter, 1998, 190p.
10. Schor N, Mota MSFT, Branco VC (orgs.) Cadernos Juventude Saúde e Desenvolvimento. Ministério da Saúde - Secretaria de Políticas de Saúde, Brasília, 1999. 11. Vieira EM, Fernandes MEL, Bailey P, Mackay A .Seminário Gravidez na Adolescência. Brasília, 1998.
11. Vieira EM, Fernandes MEL, Bailey P, Mackay A .Seminário Gravidez na Adolescência. Brasília, 1998.

http://ral-adolec.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-71302002000200002&lng=en&nrm=iso


2. Sobre a gravidez na adolescência

About adolescence pregnancy
Stella R. Taquette
Doutora em Medicina pela Universidade de São Paulo (USP/Ribeirão Preto); assessora especial da Secretaria Especial de Políticas Públicas para as Mulheres.

RESUMO
Este artigo tem por objetivo enriquecer o debate em torno do “fenômeno” da gravidez na adolescência, revelando a visão da autora, advinda de sua experiência no atendimento de crianças e adolescentes, de leituras de bibliografia sobre o tema, tanto científica como leiga, assim como de estudos empíricos.

UNITERMOS
Adolescência; gravidez; sexualidade; gênero

ABSTRACT
This article intends to enrich the discussion about the “phenomenon” of adolescence pregnancy. It discloses the author’s opinion, based on her experience with children and adolescent care, the literature – scientific or not – and also empirical studies.

KEY WORDS
Adolescence; pregnancy; sexuality; gender

INTRODUÇÃO

A temática “gravidez na adolescência” está em pauta há vários anos no meio acadêmico e na sociedade como um todo. A gestação nessa faixa etária é considerada precoce, indesejada, não-planejada e, consequentemente, um problema a ser solucionado. Vários estudos têm sido desenvolvidos, por pesquisadores de diversos campos, no intuito de compreender esse fenômeno complexo, cujas variáveis envolvidas são muitas e que para ser entendido precisa ser contextualizado e abordado dialeticamente. Apesar disso, o senso comum reflete uma realidade parcial e reducionista, que colabora para manter a questão como problema exclusivo da adolescente que engravida. Ficam fora dessa análise o parceiro e o contexto social, cuja influência na sexualidade das pessoas não pode ser negada e muito menos desprezada ou ignorada.

Algumas afirmações do senso comum referentes a esse tema são dignas de destaque:

• adolescentes estão “transando” devido ao excesso de mensagens sexuais na mídia;
• adolescentes são imediatistas, imaturas, irresponsáveis e têm desejos intensos;
• adolescentes são promíscuas;
• adolescentes ficam grávidas por falta de informação contraceptiva e porque não sabem usar contraceptivos;
• os pais são muito permissivos com as filhas adolescentes e não conversam com elas;
• o controle da natalidade pode reduzir a fecundidade das adolescentes das classes menos favorecidas e com isso reduzir a pobreza e a violência nas grandes metrópoles brasileiras.

Observamos essas opiniões não só na população geral, mas também dentro da própria área da saúde, entre aqueles profissionais que não lidam diretamente com adolescentes.


PESQUISAS E REFLEXÕES SOBRE GESTAÇÃO NA ADOLESCÊNCIA

Pesquisas e reflexões revelam que atualmente a gravidez na adolescência é vista por alguns quase como uma doença a ser prevenida. Entretanto, quando consideramos o passado, vemos que nossas avos e bisavós foram mães adolescentes e isso era encarado de forma natural. A faixa etária adolescente foi, por muito tempo, considerada a ideal para a mulher ter filhos. Hoje já não se pensa assim, pois se considera que a gravidez provoca a interrupção de um processo de crescimento e amadurecimento e resulta em perdas de oportunidades. É uma idade propícia à escolarização, ao inicio da vida profissional e ao exercício da sexualidade desvinculado da reprodução. Da mesma forma, fala-se numa erotização precoce das crianças, devido à abundância de mensagens sexuais na mídia e à maior liberdade sexual. No entanto, nos séculos passados, era comum as crianças brincarem com os próprios genitais sem que isso configurasse prática erótica(1).
A gravidez na adolescência, aos olhos do senso comum e da mídia, apresenta-se como um problema muito mais sério do que, por exemplo, as doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), essas, sim, que deveriam ser prevenidas. Não raro pais e mães levam suas filhas adolescentes ao médico para que este lhes receite pílulas anticoncepcionais. Por outro lado, não vemos a mesma preocupação com os rapazes e nem com a prevenção de DSTs.
Algumas indagações perante situações observadas ficam sem resposta em razão da dificuldade em respondê-las. A gravidez em adolescentes é vista como de risco médico, psicológico e social. O discurso da medicina aponta que a gestante adolescente apresenta maior incidência de doença hipertensiva da gravidez, de parto prematuro e de bebês com baixo peso ao nascer (1, 5, 10, 14). Do ponto de vista psicológico, mães adolescentes são rotuladas de imaturas e portanto sem capacidade de cuidar apropriadamente de seus filhos, aumentando o risco de acidentes e de infecções (13). Socialmente, a gravidez na adolescência resultaria numa perda de oportunidades e perspectivas de ascensão social devido ao abandono escolar e ao aumento das famílias monoparentais, o que agravaria a pobreza e levaria a uma maior probabilidade de comportamentos anti-sociais e consequente envolvimento com crimes(12).
Estudos revelam que a gravidez na adolescência frequentemente está associada a graves problemas psicossociais, como alcoolismo, famílias desestruturadas, baixo nível socioeconômico, carências de ordem afetiva, principalmente da figura paterna (8, 18). A ausência do pai e antecedentes como história familiar de gravidez, baixa renda e repetência ou abandono escolar também foram evidenciados por Persona et al. (16), em pesquisa sobre repetição da gravidez na adolescência.
Outros estudos corroboram esses achados e destacam, porém, que a gravidez não necessariamente representa ruptura ou abandono de projetos de vida. As adolescentes mães se sentem mais valorizadas pela sociedade, adquirem outro status, que lhes permite maior mobilidade social e realização de projetos (15). Por outro lado, ao ouvir adolescentes que engravidaram, observamos situações diversas de envolvimento afetivo. Às vezes a gravidez é inesperada, mas desejada inconscientemente; em outras é até programada. Em geral, a gravidez é decorrência de um envolvimento afetivo e sentida como acontecimento positivo, que coloca em evidência a sexualidade juvenil e oferece maior autonomia às adolescentes (11).


SEXUALIDADE HUMANA E A ENTRADA NA VIDA ADULTA

A sexualidade humana nunca foi vivenciada de forma livre. Em todas as épocas da humanidade sofreu e sofre algum tipo de interdição, que é variável conforme o momento histórico e social. Segundo a visão da antropologia social, a primeira interdição à sexualidade, o tabu do incesto, é fundamento da cultura humana. Antes de se organizar em sociedade o homem vivia, como os macacos superiores, em hordas de várias fêmeas chefiadas por um macho que ordenava a morte de todos os machos que nascessem. A partir da sobrevivência de alguns, surgiram novas hordas em que eram proibidas as relações sexuais entre parentes, no intuito de proliferar a espécie. Em outras épocas, diferentes proibições surgiram por diversos motivos: econômicos, religiosos etc. (9).
Na sociedade contemporânea, vivemos uma época de maior liberdade sexual desde o advento dos contraceptivos hormonais orais, que proporcionaram a desvinculação quase total entre sexualidade e reprodução. Hoje, na maioria das camadas sociais, é aceita a atividade sexual antes do casamento, e a mulher conquistou maior independência para desfrutar do prazer do sexo, anteriormente prerrogativa apenas do homem. Alem disso, houve intensificação das mensagens sexuais veiculadas pela mídia, o que certamente proporcionou alguma influência no exercício sexual das pessoas.
Entretanto, apesar da maior liberdade e do estímulo a atividade sexual, vemos uma diversidade de experiências entre os jovens. Nessa etapa da vida, os indivíduos são muito influenciados pelo meio externo à família, pois se encontram num necessário momento de afastamento dos seus pais. Esses, apesar de perceberem o que acontece com a vida sexual dos filhos, não conseguem orientá-los efetivamente, pois não se consideram aptos para falar de sexualidade ou de métodos contraceptivos (6).
Na adolescência, há um natural abandono dos ideais infantis, uma busca de novos ideais no meio social e uma separação progressiva dos pais. Ocorrem escolhas de novos laços sociais e afetivos. Nesse momento, o grupo de iguais exerce enorme influência, impondo normas e regras sob forma de modelos, comportamentos, costumes, leis e práticas diversas.
Os jovens, portanto, são muito suscetíveis às influências do grupo de iguais. Dependendo do ambiente social em que vivem, suas atitudes perante o sexo diferem. Há grupos com regras bem divergentes dos demais. Por exemplo, aqueles associados à religião cristã são orientados a se manterem castos até o casamento. Outros são implicados em grupos que refletem a cultura funk, que estimula, por meio da música, um exercício sexual precoce altamente associado ao prazer. Novos grupos surgem a cada momento. Não podemos esquecer da forte influencia das questões de gênero na sexualidade. Esse sistema impõe regras que são incorporadas como naturais, mas que na verdade são socialmente construídas. Os homens são estimulados a iniciar a atividade sexual precocemente e a exercitá-la sempre. Já as mulheres devem-se guardar e são desvalorizadas quando assumem um comportamento semelhante aquele que é esperado do homem. Nessa visão de construção social do comportamento sexual, é bom destacarmos também a intolerância às expressões homossexuais. Um movimento interessante é assumido pelo grupo de emotional hardcores (EMOs), que vivem o sexo com liberdade e afeto e aceitam os relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo, diferindo, portanto, dos demais indivíduos de mesma faixa etária.
Em pesquisa qualitativa realizada por meio de reuniões em grupos focais e entrevistas individuais semi-estruturadas, foram discutidos temas relacionados com a sexualidade, ficando patente que a moral social, a família, o grupo de iguais e o nível socioeconômico exercem enorme influência no comportamento sexual dos jovens. Os resultados indicaram que as adolescentes que têm um investimento afetivo familiar se apropriam mais de sua sexualidade, agem com maior proteção e não se submetem meramente à satisfação dos desejos de outrem, pois se tornam mais sujeitos de sua própria sexualidade (17).
Estudos revelam que hoje o desejo sexual é vivenciado de forma mais livre, e o sexo por prazer vem substituindo o mito do amor romântico (7). A idade média do primeiro intercurso sexual é mais baixa, por volta de 15 e 14 anos, para meninas e meninos, respectivamente(12). E, apesar da imagem social de promiscuidade da adolescência, pesquisa nacional verificou que cerca de 70% dos jovens sexualmente ativos de todas as faixas etárias referem somente a um parceiro sexual(4). Verifica-se que as práticas sexuais são diversas, assim como o perfil reprodutivo dos jovens (3).


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Podemos constatar que as opiniões variadas e simplificadas sobre a gravidez na faixa etária da adolescência não conseguem explicar, muito menos comprovar, uma relação de causalidade. Esse fenômeno é complexo, carregado de subjetividade e de influências sociais.
A gravidez na adolescência está associada à baixa escolaridade e ao baixo nível socioeconômico. A solução que se apresenta nas políticas públicas de saúde e educação é a do planejamento familiar, com forte ênfase nos métodos contraceptivos. E como se disséssemos: adolescentes pobres e com pouca escolaridade não devem ter filhos. Não seria mais justo resolver o problema da gravidez na adolescência investindo em melhores condições de vida (aumentar a escolaridade e as oportunidades de ascensão social e melhorar a renda) para que as pessoas tenham o direito e a possibilidade de escolher em que momento ter ou não filhos?
Para finalizar, vale transcrever a fala de uma adolescente que representa de forma contundente os questionamentos aqui apresentados. Ela exemplifica, singularmente, como as adolescentes brasileiras, desprovidas de afeto e cidadania, reduzem seus sonhos de realização, como pessoa e como mulher, ao casamento e a maternidade:

“...um dia eu quis ser alguém na vida, assim, ser advogada, médica, dentista. Mas hoje eu acho que eu já desiludi. Eu não quero ser mais nada. Quero apenas ser dona de casa. Casar e ser dona de casa” (Liliane, 15 anos).

REFERÊNCIAS

1. Almeida MCC, Aquino EML, Barros AP. Trajetória escolar e gravidez na adolescência entre jovens de três capitais brasileiras. Cad Saúde Publica. 2006; 22(7): 1397-409.
2. Aries P. História social da criança e da família. Rio de Janeiro: Guanabara. 1981.
3. Borges ALV, Shor N. Trajetórias afetivo-amorosas e perfil reprodutivo de mulheres adolescentes residentes no Município de São Paulo. Rev Bras Saúde Mater Infant. 2005; 5(2): 163-70.
4. Castro MG, Abramovay M, Silva LB. Juventudes e sexualidade. Brasília: UNESCO. 2004.
5. Dias AB, Aquino EML. Maternidade e paternidade na adolescência: algumas constatações em três cidades do Brasil. Cad Saúde Publica. 2006; 22(7): 1447-58.
6. Dias ACG, Gomes WB. Conversas sobre sexualidade na família e gravidez na adolescência: a percepção dos pais. Est Psicol. 1999; 4(1): 79-106.
7. Dias ACG, Gomes WB. Conversas, em família, sobre sexualidade e gravidez na adolescência: percepção das jovens gestantes. Psicol Reflex Crit. 2000; 13(1): 109-25.
8. Figueiro AC. Condições de vida e saúde reprodutiva de adolescentes residentes na comunidade de Roda de Fogo, Recife. Rev Bras Saúde Mater Infant. 2002; 2(3): 291-302.
9. Freud S. Obras completas. Tomo II: Totem e tabu. Madrid: Biblioteca Nueva. 1981.
10. Gama SGN, Szwarcwald CL, Leal MC, et al. Gravidez na adolescência como fator de risco para baixo peso ao nascer no Município do Rio de Janeiro, 1996 a 1998. Rev Saúde Pública. 2001; 35(1): 74-80.
11. Goncalves H, Gigante D. Trabalho, escolaridade e saúde reprodutiva: um estudo etno-epidemiológico com jovens mulheres pertencentes a uma coorte de nascimento. Cad Saúde Pública. 2006; 22(7): 1459-69.
12. Heilborn ML, Salem T, Rohden F, et al. Aproximações socioantropológicas sobre a gravidez na adolescência. Horiz Antropol. 2002; 8(17): 13-45.
13. McAnarney ER, et al. Interactions of adolescent mothers and their 1-year-old children. Pediatrics. 1986; 78(4): 585-90.
14. Michelazzo D, Yazlle MEHD, Mendes MC, et al. Indicadores sociais de grávidas adolescentes: estudo caso-controle. Rev Bras Ginecol Obstet. 2004; 26(8): 633-9.
15. Pantoja ALN. “Ser alguém na vida”: uma analise sócio-antropológica da gravidez/maternidade na adolescência, em Belem do Para, Brasil. Cad Saúde Publica. 2003; 19(supl. 2): S335-S43.
16. Persona L, Shimo AKK, Tarallo MC. Perfil de adolescentes com repetição da gravidez atendidas num ambulatório de pré-natal. Rev Lat Am Enf. 2004; 12(5): 745-50.
17. Taquette SR. Iniciação sexual da adolescente. São Paulo: 1997. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto.
18. Taquette SR. Sexo e gravidez na adolescência: estudo de antecedentes biopsicossociais. J Pediatr. 1992; 68(3/4): 135-9.
19. Taquette SR, Vilhena MM, Paula MC. Doenças sexualmente transmissíveis e gênero: um estudo transversal entre adolescentes no Rio de Janeiro. Cad Saúde Publica. 2004; 20(1): 282-90.


http://www.fqm.com.br/Site/br/docs/as022008.pdf

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

TEMA PARA REDAÇÃO DISSERTATIVA

Escolha uma das perguntas abaixo e redija uma dissertação de no máximo 30 linhas.



1. Quais os diferentes motivos que levam as garotas e os garotos a engravidar?

2. Quais as consequências da gravidez na adolescência?

3. Quais as perdas e/ou os ganhos da gravidez na adolescência?

4. Como é vista a gravidez na adolescência aos olhos do senso comum e da mídia?

5. Como atuar para resolver (ao menos parcialmente) o problema da gravidez na adolescência?

6. Quais intervenções poderiam realmente contribuir para proteger o adolescente de situações que o coloquem em risco?

7. Quais as consequências da sexualidade precoce?

REDAÇÃO DE VESTIBULAR DESENVOLVIDA SEGUNDO O ESQUEMA DE SÍNTESE DE IDÉIAS

http://www.fuvest.br/vest2001/bestred/526066.gif

ESQUEMA DISSERTATIVO












ESQUEMA BÁSICO DE DISSERTAÇÃO



ou



SÍNTESE DE IDÉIAS





Imagine que você queira dissertar sobre o seguinte tema:



Chegando ao terceiro milênio, o homem ainda não conseguiu resolver graves problemas que preocupam a todos.


Sua primeira providência deve ser copiar este tema em uma folha de rascunho e fazer a pergunta: POR QUÊ?

Ao iniciar sua reflexão sobre o tema proposto e sobre uma possível resposta para a questão, procure recordar-se do que já leu ou ouviu a respeito dele. É quase certo que você tenha ao menos uma noção acerca de qualquer tema que lhe vier a ser apresentado.

O ideal, para que sua dissertação explore suficientemente o assunto, é que você obtenha duas ou três “respostas” para a questão formulada: estas “respostas” chamam-se argumentos. Vejamos agora que argumentos poderíamos encontrar para este tema.

Uma possibilidade é pensar que um dos sérios problemas que o homem não consegue resolver é o da miséria. Assim, já teríamos o primeiro argumento: Existem populações imersas em completa miséria.

Pensando um pouco mais nos problemas que enfrentamos, poderíamos formular o segundo argumento: A paz é interrompida freqüentemente por conflitos internacionais.

Refletindo um pouco mais sobre as questões que afligem a humanidade, logo lembramos do desequilíbrio ecológico, que pode ser nosso terceiro argumento: O meio ambiente encontra-se ameaçado por sério desequilíbrio ecológico.
Viu como foi fácil? Os argumentos selecionados são exaustivamente noticiados por qualquer meio de comunicação.
TEMA


Chegando ao terceiro milênio, o homem ainda não conseguiu resolver graves problemas que preocupam a todos.


1. Existem populações imersa em completa miséria.
2. A paz é interrompida freqüentemente por conflitos internacionais.
3. O meio ambiente encontra-se ameaçado por sério desequilíbrio ecológico.

Você pode encontrar outros argumentos além destes apresentados acima que justifiquem a afirmação proposta pelo tema. A única exigência é que eles se relacionem com o assunto sobre o qual está escrevendo.

Uma vez estabelecido o tema e os três argumentos, você já dispõe do necessário para, agora, na folha definitiva, começar a redigir sua dissertação. Ela deverá constar de três partes fundamentais: Introdução. Desenvolvimento e Conclusão.

Vamos agora redigir o primeiro parágrafo, ou seja, a Introdução, baseando-nos no quadro acima. Para compô-la, basta que você copie o tema e a ele acrescente os três argumentos, assim como aparecem no quadro. Veja como poderia ser:

Chegando ao terceiro milênio, o homem ainda não conseguiu resolver graves problemas que preocupam a todos, pois existem populações imersas em completa miséria, a paz é interrompida freqüentemente por conflitos internacionais e, além do mais, o meio ambiente encontra-se ameaçado por sério desequilíbrio ecológico.


Observe que, na Introdução, os argumentos são apenas mencionados. Neste primeiro parágrafo informamos o assunto de que a dissertação vai tratar; cada argumento será convenientemente desenvolvido nos parágrafos seguintes. Repare nas palavras pois e além do mais, colocadas neste texto para ligar as diferentes partes da Introdução. São elas que reúnem o tema aos argumentos.

Depois de terminado o parágrafo da Introdução, você poderá passar ao Desenvolvimento, explicando cada um dos argumentos expostos acima. Assim, no próximo parágrafo, escreva tudo o que souber sobre o fato de existirem populações miseráveis.


Embora o planeta disponha de riquezas incalculáveis – estas, mal distribuídas, quer entre Estados, quer entre indivíduos –, encontramos legiões de famintos em pontos específicos da Terra. Nos países do Terceiro Mundo, sobretudo em certas regiões da África, vamos com tristeza a falência da solidariedade humana e da colaboração entre as nações.

Neste parágrafo, a coesão se dá pelo conteúdo do segundo parágrafo, que inteiramente retoma o conteúdo do primeiro argumento exposto na introdução. No entanto, como você pode perceber, convém, vez por outra, lançar mão de certos exemplos para comprovar suas afirmações.
No parágrafo seguinte desenvolve-se o segundo argumento:

Além disso, nestas últimas décadas, temos assistido, com certa preocupação, aos inúmeros conflitos internacionais que se sucedem. Muitos trazem na memória a triste lembrança das guerras do Vietnã e da Coréia, as quais provocaram grande extermínio. Em nossos dias, testemunhamos conflitos na antiga Iuguslávia, em alguns países membros da Comunidade dos Estados Independestes, sem falar da Guerra do Golfo, que tanta apreensão nos causou.

Note a presença da expressão Além disso no início do parágrafo, que estabelece a ligação com o parágrafo anterior. Ela deve ser colocada para evidenciar o fato de que os parágrafos se relacionam entre si.
Falemos agora do terceiro argumento:
Outra preocupação constante é o desequilíbrio ecológico, provocado pela ambição desmedida de alguns, que promovem desmatamentos desordenados e poluem as águas dos rios. Tais atitudes contribuem para que o meio ambiente, em virtude de tantas agressões, acabe por transformar em local inabitável.
Observe a expressão Outra preocupação constante, colocada no início deste parágrafo. Ela é o elemento de ligação com o parágrafo anterior do Desenvolvimento. Estabelece a conexão entre os argumentos apresentados.
Para que sua dissertação fique completa, falta apenas elaborar um último parágrafo que se denomina Conclusão. Para isso, é preciso que analisemos suas partes constitutivas.
A Conclusão pode iniciar-se com uma expressão que remeta ao que foi dito nos parágrafos anteriores (expressão inicial). A ela deve seguir-se uma reafirmação do tema proposto no início da redação. No final do parágrafo, é interessante colocar uma observação, fazendo um comentário sobre os fatos mencionados ao longo da dissertação.

Com base nessa orientação, já podemos redigir o parágrafo final, ou seja, a Conclusão.

Em virtude de tudo isso, somos levados a acreditar que o homem está muito longe de solucionar os grandes problemas que afligem diretamente uma grande parcela da humanidade e indiretamente a qualquer pessoa consciente e solidária. É desejo de todos nós que algo seja feito no sentido de conter essas forças ameaçadoras, para podermos suportar as adversidades e construir um mundo que, por ser justo e pacífico, será mais facilmente habitado pelas gerações vindouras.
OBSERVAÇÃO:Caso você deseje, é possível que a Conclusão seja formada apenas pelo comentário final, dispensando o início, constituído pela expressão inicial e reafirmação do tema; eles atuam apenas como reforço, como ênfase ao problema abordado.Agora, reunindo todos os parágrafos escritos, temos a dissertação completa, acrescida de um título:


Terra: uma preocupação constante

Chegando ao terceiro milênio, o homem ainda não conseguiu resolver graves problemas que preocupam a todos, pois existem populações imersas em completa miséria, a paz é interrompida freqüentemente por conflitos internacionais e, além do mais, o meio ambiente encontra-se ameaçado por sério desequilíbrio ecológico.Embora o planeta disponha de riquezas incalculáveis – estas, mal distribuídas, quer entre Estados, quer entre indivíduos – encontramos legiões de famintos em pontos específicos da Terra. Nos países do Terceiro Mundo, sobretudo em certas regiões da África, vemos com tristeza, a falência da solidariedade humana e da colaboração entre as nações.Além disso, nestas últimas décadas, temos assistido, com certa preocupação, aos inúmeros conflitos internacionais que se sucedem. Muitos trazem na memória a triste lembrança das guerras do Vietnã e da Coréia, as quais provocaram grande extermínio. Em nossos dias, testemunhamos conflitos na antiga Iugoslávia, em alguns países membros da Comunidade dos Estados Independentes, sem falar da Guerra do Golfo, que tanta apreensão nos causou.Outra preocupação constante é o desequilíbrio ecológico, provocado pela ambição desmedida de alguns, que promovem desmatamentos desordenados e poluem as águas dos rios. Tais atitudes contribuem para que o meio ambiente, em virtude de tantas agressões, acabe por se transformar em local inabitável.Em virtude de tudo isso, somos levados a acreditar que o homem está muito longe de solucionar os grandes problemas que afligem diretamente uma grande parcela da humanidade e indiretamente a qualquer pessoa consciente e solidária. É desejo de todos nós que algo seja feito no sentido de conter essas forças ameaçadoras, para podermos suportar as adversidades e construir um mundo que, por ser justo e pacífico, será mais facilmente habitado pelas gerações vindouras.Caso você deseje fazer uma dissertação um pouco menor, basta usar dois argumentos em vez de três.
(Técnicas básicas de redação, Branca Granatic)





APLICAÇÃO DO ESQUEMA EM TEMAS DE VESTIBULAR


Redija, para o tema abaixo, um parágrafo de introdução adequado ao esquema de síntese de idéias.


FUVEST

Um dia sim, outro também. Duas bombas, suásticas nazistas e muitas mensagens pregando a tolerância zero a negros, judeus, homossexuais e nordestinos marcaram a Semana da Pátria em São Paulo. O primeiro petardo foi direcionado na segunda-feira 4, para o coordenador da Anistia Internacional. Tratava-se de uma bomba caseira, postada numa agência dos Correios de Pinheiros com endereço certo: a casa do coordenador. Uma hora e meia depois, foi a vez de o secretário de Segurança e de os presidentes das comissões Municipal e Estadual de Direitos Humanos receberem cartas ameaçadoras. Assinando “Nós os skinheads” (cabeça raspada), os autores abusaram da linguagem chula, do ódio e da intolerância. “Vamos destruir todos os viados, pretos e nordestinos”, prometeram. Eles asseguravam também já terem escolhido os representantes daqueles que não se enquadram no que chamam de “raça pura” para receberem “alguns presentinhos”. Como prometeram, era só o começo. No dia seguinte, terça-feira 5, o mesmo grupo mandou outra bomba, dessa vez para a associação da Parada do Orgulho Gay. (Revista Isto é) Desde então [os anos 80], o poder racista alastrou-se por todo o mundo numa torrente de excessos sanguinolentos. Também na Alemanha, imigrantes e refugiados foram mortos friamente por maltas de radicais de direita em atentados incendiários. Até hoje, a esfera pública minimiza tais crimes como obra de uns poucos jovens desclassificados. Na verdade, porém, o poder racista à solta nas ruas é o prenúncio de uma reviravolta nas condições atmosféricas mundiais. (Robert Kurz)

Um dos eventos realizados no final de abril deste ano no Chile foi uma conferência internacional secreta de militantes extremistas de direita e organizações neonazistas planejada e divulgada pela Internet. Foram convidados a participar do “Primeiro Encontro Ideológico Internacional de Nacionalismo e Socialismo” representantes do Brasil, Uruguai, Argentina, Venezuela e Estados
Unidos. (Revista Isto é)

(...) Nos últimos anos, grupos neonazistas têm se multiplicado. Tanto nos Estados Unidos e na Europa quanto aqui parece existir uma relação entre o desemprego estrutural do sistema capitalista e a ascensão desses grupos de inspiração neonazista. (Página da Internet)

Toda proclamação contra o fascismo que se abstenha de tocar nas relações sociais de que ele resulta como uma necessidade natural, é desprovida de sinceridade. (Bertolt Brecht)
Considerar alguém como culpado, porque pertence a uma coletividade à qual ele não “escolheu” pertencer, não é característica própria só do racismo. Todo nacionalismo mais intenso, e até mesmo qualquer bairrismo, consideram sempre os outros (certos outros) como culpados por serem o que são, por pertencerem a uma coletividade à qual não escolheram pertencer. (...) (Cornelius Castoriadis)

"A violência é a base da educação de cada um.” (Resposta de um cidadão anônimo entrevistado pela TV sobre as razões da violência)
______________________________________________________________________________________________
Estes textos (adaptados das fontes citadas) apresentam notícias sobre o crescimento do neonazismo e do neofascismo e, também, alguns pontos de vista sobre o sentido desse fenômeno. Com base nesses textos e em outras informações e reflexões que julgue adequadas, redija uma DISSERTAÇÃO EM PROSA, procurando argumentar de modo claro e consistente.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

PARA AS AULAS DE 19 E 20 DE FEVEREIRO

Nas aulas desta semana, vocês irão escrever, para nota, uma dissertação sobre gravidez na adolescência. Por isso, procurem ler o material que postei na semana passada.

Quanto ao filme, (o início ou a continuação, dependendo da sala) ficará para uma outra oportunidade.

Abraços

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA

"O crescente índice de gravidez entre os adolescentes é uma tendência universal. Não é um fato atual. Nossas avós casavam-se com 12, 15 e 16 anos e procriavam pouco depois. O motivo de preocupação e angústia são as gestações não planejadas, o aumento desse número e o efeito no exercício da sexualidade desses adolescentes. Muitos fatores contribuem para o aumento da Gravidez precoce, como: o pensamento que “isto não vai acontecer comigo”; medo de encarar a própria sexualidade e o romantismo que a envolve; a influência dos meios de comunicação, que criam uma imagem equivocada, desvinculando o sexo da gravidez e DST/AIDS; a condição econômica e a falta de conhecimentos em relação à contracepção; os riscos de saúde que envolvem essa gravidez e os problemas psico-sociais. A Educação Sexual, em nossos dias, continua repressora e grande parte das famílias, freqüentemente, associam à sexualidade a conotação de “pecado” e “sujeira”. É fundamental que a família, a escola e a comunidade assumam a responsabilidade de orientar os adolescentes para que possam vivenciar a sua sexualidade de forma saudável e responsável."

http://www.cesjf.br/cesjf/revistas/cesrevista/edicoes/2007/gravidez_na_adolescencia.pdf

PONTO DE VISTA EM DISSERTAÇÃO




PROGRAMA SOBRE GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA

http://www.rtv.unicamp.br/saude/smv_3/smv-3_01.htm

CINEASTA CONTA SUA EXPERIÊNCIA COM ADOLESCENTES GRÁVIDAS

http://mais.uol.com.br/view/1575mnadmj5c/cineasta-conta-sua-experiencia-com-adolescentes-gravidas-04023666DC891326?types=A&

domingo, 1 de fevereiro de 2009

ATENÇÃO

Quando acessar o blog, verifique em "arquivo do blog" (lado direito) o que foi postado para a aula de cada semana.

Para esta semana, há duas postagens:

  • Leitura para a próxima aula

  • Aulas 1 e 2

sábado, 31 de janeiro de 2009

LEITURA PARA PRÓXIMA AULA

LEIA COM ATENÇÃO OS TEXTOS A SEGUIR E REFLITA SOBRE AS IDÉIAS NELES CONTIDAS.
1. Notícias - dezembro

Número de partos cai entre adolescentes

O Ministério da Saúde lançou um relatório mostrando que o número de partos feitos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em garotas de 10 a 19 anos caiu 26,7% entre 1997 e 2007. Em 1997, foram feitos 720.338 partos em adolescentes, enquanto em 2007 o total caiu para 527.341. Este ano, até julho, haviam sido feitos 275.892 partos em adolescentes pelo SUS.
O ministério credita a redução de partos em adolescentes a uma série de políticas que aumentaram o acesso a métodos anticoncepcionais e a medidas educativas sobre saúde sexual e reprodutiva destinadas a jovens. A maior queda foi observada na região Sul (35,6%), enquanto a menor foi da região Norte (6,7%). Na região Centro-Oeste a diminuição foi de 34,1%, no Sudeste de 32,4% e no Nordeste, 22,6%.
A incidência de gestação precoce continua sendo maior entre garotas de baixo poder aquisitivo e baixa escolaridade. Entre as garotas negras, o índice é cerca de 30% maior do que entre garotas brancas.
Para ler mais sobre a pesquisa acesse Saude.gov.

2. O exercício da sexualidade na adolescência: a contracepção em questão*

A gravidez na adolescência é um evento complexo, pluricausal, que pode comprometer o projeto de vida e, por vezes, a própria vida1.
Segundo estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil entrou no ano 2000 com 36 milhões de indivíduos adolescentes, sendo esta a maior coorte nesta faixa etária, de sua história demográfica2. Dados do Ministério da Saúde revelam que um milhão de adolescentes ficam grávidas por ano, ocorrendo 700.000 partos, aproximadamente, dentro do Sistema Único de Saúde e cerca de 200.000, na rede privada3. Há uma grande preocupação com o aumento de gestações abaixo de 14 anos de idade.
O parto constitui hoje a primeira causa de internação em menores de 20 anos nos serviços públicos e privados; gravidez, parto e puerpério perfazem, em todas as regiões do país, 80,3% do total de internações3.
Vários fatores são apontados para a ocorrência da gestação na adolescência4-6, destacando-se entre eles: o adiantamento da puberdade; o início cada vez mais precoce das relações sexuais; a
desestruturação familiar; a banalização e vulgarização do sexo pelos meios de comunicação; a sociedade pseudopermissiva que estimula a atividade sexual e a erotização do corpo mas proíbe a gravidez na adolescência; as singularidades psíquicas desta faixa etária; a baixa escolaridade; a ausência de projeto de vida; a promiscuidade; a miséria; o desejo de gravidez (variável inconsciente de difícil avaliação).
Até há cerca de duas décadas, somava-se a este cortejo a possível falta de informação. Posteriormente, a literatura mostrou-se plena de estudos que mostravam o contrário5: adolescentes tinham a informação sobre métodos anticoncepcionais, mas não os utilizavam por várias razões4-6. O desafio de associar a esse conhecimento uma mudança efetiva no comportamento sexual dos jovens, visando o sexo seguro, uniu os profissionais da saúde em busca de soluções para o problema.
3. "Meninas" expõe gravidez adolescente [Jairo Bouer]
Folha de São Paulo, Teen, segunda-feira, 08 de maio de 2006, Jairo Bouer

"Meninas", filme da diretora Sandra Werneck (em cartaz), é fundamental para a gente tentar entender um pouco melhor a gravidez na adolescência no Brasil.

O documentário mostra a vida de quatro garotas que engravidaram com idades entre 13 e 15 anos. Você se impressionou com a faixa etária? Pois saiba que os dados das pesquisas mais recentes apontam que, de cada quatro ou cinco adolescentes brasileiras, uma vai engravidar antes do 18.
No filme fica claro que todas elas sabiam dos riscos que corriam ao transar sem proteção. Não dá para dizer que ninguém engravidou por falta de informação. Algumas vezes um pensamento mágico do tipo "não imaginava que isso fosse acontecer com a gente" aparece. Ficam evidentes o susto e o medo de lidar com uma nova fase da vida, mas, ao mesmo tempo, há um certo "deslumbramento" com a idéia de ser mãe.
Esse, aliás, é outro dado que surpreende. Boa parta das gestações nessa faixa de idade, principalmente aquelas que acontecem nas garotas de comunidades mais carentes, é planejada ou desejada. É como se a possibilidade de ser mãe faz a menina enxergar um papel na sociedade e um projeto.
As garotas, muitas vezes vivendo em famílias pouco estruturadas, sem perspectivas de estudo ou trabalho, passam a imaginar que a maternidade vai dar sentido a sua existência. Enganam-se!
Os namorados, na maioria das vezes mais velhos e experientes, não assumem um papel presente na criação e na educação dos filhos. E perpetua-se o ciclo em que as garotas, amparadas pelas mulheres da família, têm que se afastar ainda mais dos amigos, da escola e do emprego.
Se, de um lado, a maternidade precoce força um amadurecimento, do outro lado, o desejo de brincar, de sair, de dançar e de se divertir também está presente. E, nesse meio de caminho, entre a obrigação de criar um filho e a vontade de aproveitar a juventude, as meninas ficam ainda mais divididas. Fica evidente que a gravidez na adolescência não é um fenômeno isolado. É umas das pontas de uma realidade social que está aqui, bem na cara da gente.
@ - jbouer@uol.com.br
4. Gravidez na adolescência

A gravidez na adolescência é considerada um problema de saúde em todo o mundo, inclusive no Brasil, onde se observa, nas últimas três décadas, aumento significativo dos índices de gestação em jovens de todas as classes sociais.
A adolescência é a fase de transição entre a infância e a idade adulta, caracterizada pelas transformações físicas e psicossociais. Nessa fase, os jovens assumem mudanças na imagem corporal, de valores e de estilo de vida, afastando-se dos padrões estabelecidos por seus pais e criando sua própria identidade.
O desenvolvimento da sexualidade faz parte do crescimento do indivíduo em direção a sua identidade adulta. Inicia-se com a exploração do próprio corpo (prática masturbatória) evoluindo para o interesse pelo parceiro.
Modificações do padrão comportamental dos adolescentes no exercício de sua sexualidade vêm exigindo maior atenção dos familiares, profissionais de saúde e educação devido a suas repercussões, entre elas a gravidez precoce.
Fatores de risco
As causas de uma gravidez precoce estão relacionadas com uma série de fatores e comportamentos de risco, entre eles:

1. Contexto sócio-cultural mais liberal e permissivo que outrora. Pesquisa realizada pela UNESCO junto com o Ministério da Saúde, no ano de 2001, mostra, por exemplo, que na década de 1990, um entre cada quatro adolescentes tinha permissão para manter relações sexuais dentro da própria casa. Em 2001, esse número quase dobrou.

2. Início da puberdade e menarca (primeira menstruação) precoces.

3. Iniciação sexual cada vez mais precoce. Em 2004 o Ministério da Saúde divulgou dados mostrando que a média de idade na primeira relação sexual é de 15.1 anos para as meninas e de 14.4 anos para os meninos.

4. Baixa escolaridade e abandono escolar. Em São Paulo, no ano de 2000, foram registrados 314.000 partos de adolescentes com menos de 4 anos de estudo e 86.000 daquelas com 11 a 14 anos de estudo.

5. Baixa renda. Em 2000 foram registrados em São Paulo 349.000 partos de adolescentes provenientes de famílias com até 2 salários mínimos contra 20.000 daquelas com mais de 15 salários mínimos.

6. Desconhecimento sobre a sexualidade e a saúde reprodutiva.

7. Uso incorreto de anticoncepcionais. Ocorre por diversos fatores, dentre eles a falta de entendimento do seu uso efetivo ou esquecimento.

8. Características próprias da adolescência que, por si mesmas, colaboram na composição de tais números, como o pensamento mágico, ou seja, a sensação de invulnerabilidade e onipotência, a idéia de que isso nunca vai acontecer comigo. Além disso, o adolescente tem uma vivência singular do tempo, caracterizada pela impulsividade e não preocupação com as conseqüências futuras dos atos realizados aqui e agora.

9. Dificuldades de relacionamento familiar podem levar à gestação precoce, seja por agressão aos pais, baixa auto-estima ou falta de perspectivas.

10. Usuários de drogas têm altos índices de gravidez na adolescência.

Como Evitar

1. Estimular a auto-estima dos jovens, na tentativa de afastá-los de comportamentos de risco.

2. Estimular a formação de projetos para o futuro.

3. Manter uma boa estrutura familiar, fundamentada no diálogo e afeto.

4. Incentivar a educação e freqüência escolar.

5. Melhorar a qualidade do tempo livre, com estímulo aos esportes e atividades sociais.

6. Dar orientação sexual e reprodutiva.

7. Orientar quanto ao uso correto de anticoncepcionais.

O Pai Adolescente
O papel do parceiro é fundamental para a boa evolução da gestação, dando apoio à sua parceira e diminuindo os riscos de complicações psicológicas. Além disso, não podemos esquecer que muitos deles são também adolescentes e mostram-se inseguros perante à nova situação. Diante disso, deve-se estimular sua participação no pré-natal.
O que fazer
Diagnosticada a gravidez, deve ser iniciado o seu acompanhamento. O pré-natal ideal para a adolescente é aquele que permite um acompanhamento integral da gestante, onde além da consulta ginecológica ela possa tirar todas as suas dúvidas sobre o momento que está passando. É importante que receba orientações sobre os cuidados consigo mesma e seu bebê e tenha espaço para planejar seu futuro como mãe e adolescente, de forma que possa exercer os dois papéis simultaneamente.

Relatoras:
Dra. Andrea HercowitzMembro do Departamento de Adolescência da SPSP; Professora Colaboradora do Instituto de Hebiatria(*) da Faculdade de Medicina do ABC; Médica Pediatra da Clínica de Especialidades do Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, SP. Dra.
Maria Sylvia de Souza VitalleMembro do Departamento de Adolescência da SPSP; Chefe do Centro de Atendimento e Apoio ao Adolescente do Departamento de Pediatria da UNIFESP/EPM, São Paulo, SP.

Texto atualizado em 9/08/2007.
(*)Hebiatria
Drauzio – Qual é a origem da palavra hebiatria?
Mauricio de S. Lima – Hebiatria é uma palavra de origem grega que significa medicina da juventude. Traz consigo uma referência a Hebe, a deusa grega da juventude, filha de Zeus e de Hera. No Brasil, embora a especialidade exista há mais de 30 anos, poucos a conhecem.Para receber o título de hebiatra, o médico precisa fazer dois anos de especialização em pediatria e mais dois de especialização em medicina do adolescente.
Drauzio – O que diferencia a medicina aplicada à adolescência, da pediatria e da medicina com enfoque na vida adulta?
Maurício de S. Lima – A adolescência é uma fase peculiar da vida. Nenhuma outra é tão marcada por mudanças físicas e questões relacionadas ao desenvolvimento psicossocial como essa que vai do fim da infância até a entrada no mundo adulto, ou seja, dos 10 aos 20 anos de idade, segundo a Organização Mundial da Saúde.O médico hebiatra é um clínico-geral especializado em adolescentes. Cuida do desenvolvimento físico, tratando e prevenindo doenças do jovem nessa faixa de idade. Verifica se está crescendo adequadamente, ou não, e prescreve as vacinas que precisam ser ministradas na adolescência. Todo mundo se lembra das vacinas que devem ser tomadas na infância. Já as da adolescência, muitas vezes, ficam relegadas a um segundo plano.É função também do hebiatra estar atento ao desenvolvimento psicossocial no que diz respeito ao convívio social, como a interação com o grupo de amigos, a experimentação de drogas, o início da sexualidade.
Dr. Maurício de Souza Lima é médico da Unidade de Adolescentes e coordenador do Ambulatório dos Filhos de Mães-Adolescentes do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade São Paulo, membro da Associação Paulista de Adolescência e do Departamento de Adolescência da Sociedade de Pediatria de São Paulo. É também autor do livro “Filhos Crescidos, Pais Enlouquecidos” (Editora Landscape, SP, 2006, 157 páginas).